sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Avohai!


Tenho muita curiosidade de saber onde essa moda do politicamente correto, por força até de lei, vai parar.
O uso da camisinha passará a ser rigorosamente fiscalizado?
Churrascaria com carne gorda vai virar sinônimo do que hoje é uma boca-de-fumo?
Hamburguer vai dar pena capital?
Ter mais de dois filhos vai condenar o casal ao manicômio judiciário?
Pintar o cabelo de verde pode significar multa + prestação de serviços comunitários?
Sair no frio sem vestir casaco será delito?
Fazer filme pornô será crime punível com castração?
E prostituição, só será permitida se o cliente assinar a carteira de trabalho do/a profissional?
E tudo o que a gente escrever, só será ortograficamente aceito se colocarmos as duas opções do gênero?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Padrão

Vivi minha vida toda fazendo o que achava certo
E vasculhando o que achava errado, com muito gosto.
De tanto fuçar, encontrei o certo no errado,
O erro no pensar com os outros,
Nuances adoráveis entre o belo e o feio,
O certo e o errado, o sim e o não, talvez.
Entre um lado e outro da ponte, vivo em desequilíbrio
Daqui pra lá, de lá pra cá, sempre em risco de queda
Ou de temido aprumo.
E cada dia mais adoro a aventura
A incerteza do próximo passo
A ansiedade pelas consequências
A boa expectativa do meio
Na maravilha de não se conhecer o fim
- Se é que há fim.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Você pode fumar baseado na lei do Serra


Sei que hoje Woodstock completa quarenta anos, e eu gostaria até de escrever um post sobre o assunto. Talvez amanhã. É que há dias eu estou querendo escrever sobre a famigerada Lei Serrana Anti-Fumo que virou psicose em São Paulo. Não tive tempo nos últimos dias (muito trabalho de verdade: tô quase me sentindo celetista), e uma dor muscular constante nas costas me fez repelir o quanto pude o computador e até as viagens.
Mas...
Simbora.
Por inspiração, cobrança e até plágio do meu amigão Duduzovsky, lá vai o post do anti-fumo.
Há um ano e meio, deixei de fumar. Fumava uma carteira por dia, desde os 15 anos, mas nunca consegui me acostumar com o fedor do cigarro. Nunca gostei de baforada na cara, e muito menos de fumar em local fechado. Apesar de tudo, era fumante convicta e, por conta disso, tinha quase vinte quilos a menos. Tudo bem.
Larguei o cigarro bem no comecinho da fase "cigarro é trash". Larguei porque acordei numa madrugada desesperada para fumar. Nunca tinha me acontecido, e achei que era hora de dar um basta. Até porque aqui é frio pra caramba, longe de qualquer lugar onde se possa comprar cigarros, e eu detesto acordar de madrugada.
Pois bem. Aí vem o Serra e proíbe fumar em qualquer ambiente público. Vai ser copiado em tudo quanto é canto, podem apostar.
Sou contra. Absolutamente contra.
Não gosto do Estado intervindo tanto na vida e na escolha das pessoas. Mas, se quer intervir de verdade, ao invés de botar mangana disfarçado pra multar bares, que tal proibir a fabricação e o comércio de cigarros? Fizeram isso com maconha, por exemplo. Não dá muito certo, mas a lei tá lá e de vez em quando serve como desculpa pra botar gente sossegada em cana.
Então... a vida ficou muito mais tranquila para os não-fumantes-de-tabaco-em-São-Paulo. A vigilância em cima dos fumantes de tabaco tá tão ferrenha, que não duvido nada ouvir, qualquer dia desses, durante um flagrante policial: "É maconha, doutor, é maconha! Não fumo tabaco não, pode ver aqui pelo cheiro", "Que nada, malandro. Pensa que eu não conheço esse fumo com filtro?", "não, doutor, eu juro que é só maconha! O filtro é porque eu não gosto da poeirinha que desce quando trago... Por favor, não me fiche! Não tenho dinheiro pra pagar a multa! Sou pai de família... Juro que vou pra uma clínica de reabilitação e voto no Serra!".
E os pobres garçons? Que situação... "Me vê um cinzeiro, por favor", "Sinto muito mas..." "Então vou jogar a cinza no chão", "mas tá proibido fumar aqui", "tá proibido o quê? Isso né maconha não, camarada, é cigarro que eu tô fumando, tabaco. Esse pessoal que fabrica isso aqui paga os maiores impostos para o governo, sabia? E ainda banca campanha eleitoral...", "desculpe, senhor, mas é que se eu deixar o senhor fumar aqui, o patrão vai ser multado, e aí me demite", "e meu direito de ir e vir? Sou um cidadão! Que porra de birosca é essa que não permite ao cliente desfrutar sua cervejinha com o seu cigarrinho?", "mas doutor, é a lei do Serra... mas o senhor quer fumar? Venha aqui atrás, eu levo o senhor no quintal do bar e o senhor fuma. É onde a gente tem fumado escondido", "Ah, escondido, né? Sabia! Você está multado! Eu sou fiscal da lei anti-fumo".
É flórida.
Fumar virou ato anti-social antes mesmo da lei. Bar sempre foi território livre para cigarros, certo? Só que isso já tinha mudado por essas bandas. Experimentasse o cidadão de acender seu fuminho legal numa mesa de bar. Os olhares vizinhos estariam voltados a ele. Alguém ia espirrar por perto. Uma mocinha ia comentar com o namorado que é um absurdo a falta de respeito dos fumantes com os não-fumantes. O outro ia resmungar de lá que deixou de fumar pra não morrer, mas agora era obrigado a fumar o cigarro dos outros. Um saco.
E vem a lei do Serra (falar nisso, tá rolando um babado forte de que o vampiro tucano tá com uma doença medonha, vocês souberam? Essa é quente, saída do forno!). Agora posso me vingar fácil de umas raivinhas comuns.
Se eu levar um tranca de um caminhão, ligo pra Polícia Rodoviária e aviso que o caminhoneiro tal está fumando em via pública! Melhor do que avisar que o filho da mãe me deu um tranca e quase me matou.
Se eu for assaltada, é só levar para a delegacia a bituca de um cigarro e dizer que o assaltante, além de fumar no seu ambiente de trabalho, ainda me deu uma baforada na cara, causando danos irreparáveis à minha saúde. É cana e multa pro safado. Ou pelo menos a multa, né?
Ex-maridos estão ferrados. Ex-esposas vão cobrar indenização por anos e anos de submissão a um cruel fumante. Aliás, herdeiros deserdados também podem apelar para este recurso, pois daqui a uns poucos anos Gilmar Mendes (vaso ruim não quebra cedo) vai criar jurisprudência: se você fuma, é diretamente responsável pelos danos causados à saúde de seus ascendentes, descendentes, parentes na horizontal (calma, me refiro a esposa, marido, e outros penduricalhos escolhidos pelo cidadão para estar ao seu lado), amigos, funcionários, chefes, patrões, vizinhos, inimigos e qualquer pessoa com quem você tenha tido contato na sua vida de fumante.
Tudo bem que é melhor estar num ambiente sem cigarro por perto. Sem dúvida. Mas não quero ter que deixar de tomar umas e outras e mais outras e mais umas outras e mais a saideira e mais a deira e a saída e a final e a saída final e a última e a última de verdade e a do troco com meus amigos fumantes. Sejamos civilizados: não precisa submeter todo mundo à fumaça do seu cigarro. É só criar ambientes para fumantes e para não-fumantes. Eu fico na ala dos fumantes, em solidariedade aos meus amigos fumantes e em solidariedade ao Lula e à Dilma e à Marina Silva e à Heloísa Helena (vixe, quanta candidata mulher!) e a qualquer oponente ao Serra.
(Se Serra fosse bom, não teria esse nome. É questão de predestinação mesmo.)
Fumo pra você, Serra. Quero ver o que você vai fazer quando o Obama visitar São Paulo e acender o cigarrinho bem no seu palácio temporário. Multa ele, que eu quero ver...
E um recado: se criou a lei para me fazer mais uma raiva, se ferrou. Deixei de fumar tabaco, babaca. Mas volto a fumar, e a tragar e a baforar bem na sua cara assim que o encontrar na rua, pode crer.

sábado, 1 de agosto de 2009

Fim de férias

Caio, Julia, Talles e Moranguinho: faltou Bruninho na foto...
Caraca... já faz um mês que acabou junho - e eu postei pela última vez. O tempo passa, o tempo voa, e a Poupança Bamerindus (o banco ainda existe???) continua numa boa. Nem percebi direito a passagem de julho.
Eu resolvi me internar no sítio de Varginha. Não ao computador, não às comprinhas na cidade, não ao celular, não ao trabalho. Em julho, sim somente para a diversão e para a suprema alegria de estar com os meus, me divertindo com todas as coisas miúdas com que nos deparamos no dia-a-dia, criando novidades, cuidando dos bichos recém-nascidos e das gestantes. Por sorte, um julho quente durante os dias e frio às noites. Um exorcismo de tudo de ruim que aconteceu em junho.
Estou feliz. Toda cheia de picadas de carrapatos (que invadiram minha horta sem dó nem piedade), mas feliz.