segunda-feira, 19 de março de 2018

Eu, tu, todos nós

Milhares de nós na fila indiana cotidiana
Desfrutando do prazer de sermos "sapiens"...


É preciso que a esperança desapareça dos olhos
E que se reconheça a solidão como melhor amigo/abrigo
A hora em que você se enxergue como é
Sem espelho, sem opiniões outras, sem o outro
Para perceber que o mundo à sua volta
Não passa de uma grande bosta
Revestida de arrogância humana
Adornada por uma ambição besta
Tal qual você mesmo, tal qual o seu amor, tal qual o outro
Meras formigas seguindo trilhas dos antepassados
Levando o alimento para uma descendência eterna
Imbecilmente morrendo nesse caminho
Pisado por um displicente chinelo do destino
Ou com o corpo esgotado de não-viver
- E ainda se achando superior a tudo e a todos.

(A falta que uma retina diante de um espelho interior faz:
Templos lotados de fé no invisível
E de ódio aos iguais sonhados desiguais.)