O devaneio fenece
E volto a me ver no mundo efetivo
Aquele, sem segurança ou facilidade,
Sem espaços para o ser-eu
Habitado por marginais do sistema
E marginais ao sistema
Ou um ou outro, inefável.
O mundo do ter-que
A vida das máscaras
Os espantalhos embutidos
Palhaços sem caução
Arlequins ridículos e seus amores dramáticos
Prostrados por profissão.
A lei do ter-poder
Do parecer ao ser
Da nudez mental
Escondida em velhos hábitos
Eternos hábitos humilhantes
Malditos hábitos e habitantes.
O mundo efetivo
Movido a prazeres bizarros
A desprezo constitucional
A abandonos consagrados
A forças irreais, inexplicáveis,
A ações tão inumanas.
Desperto minhas aptidões
Constrangida pelas peças que já encenei
Nesse palco-formigueiro
E de olho nas máscaras de uso constante.
Escolho uma, visto, e escrevo.
O devaneio fenece.
3 comentários:
Nossa, parece ate que estas a anunciar sentimentos que vao por dentro de mim, nunca na vida senti asco dessas peças que se dizem humanas (?), nada mais me deslumbra, com rarissima exceçao, assim mesmo no singular. Essa super-exposiçao das pessoas nesse palco da hipocrisia nao provoca, nao levanta meu aplauso.
Um beijao!
Que lindo poema, Ana!! Lindíssimo mesmo! Você sabia direitinho do que dizia, quando me falou sobre asas. Tem razão. Obrigada.
O danado é ter que voar com os grilhões que tentam aprisionar ou com os torpedos que nos tentam empurrar para baixo.
Sigamos...libertas pelas escolhas.
Um 2010 com muita luz, paz, alegria, amor, fé e harmonia.
Beijão bem grandão.
Magna
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