sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Cara a Cara

O devaneio fenece

E volto a me ver no mundo efetivo

Aquele, sem segurança ou facilidade,

Sem espaços para o ser-eu

Habitado por marginais do sistema

E marginais ao sistema

Ou um ou outro, inefável.

O mundo do ter-que

A vida das máscaras

Os espantalhos embutidos

Palhaços sem caução

Arlequins ridículos e seus amores dramáticos

Prostrados por profissão.

A lei do ter-poder

Do parecer ao ser

Da nudez mental

Escondida em velhos hábitos

Eternos hábitos humilhantes

Malditos hábitos e habitantes.

O mundo efetivo

Movido a prazeres bizarros

A desprezo constitucional

A abandonos consagrados

A forças irreais, inexplicáveis,

A ações tão inumanas.

Desperto minhas aptidões

Constrangida pelas peças que já encenei

Nesse palco-formigueiro

E de olho nas máscaras de uso constante.

Escolho uma, visto, e escrevo.

O devaneio fenece.




3 comentários:

Canto da Boca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Canto da Boca disse...

Nossa, parece ate que estas a anunciar sentimentos que vao por dentro de mim, nunca na vida senti asco dessas peças que se dizem humanas (?), nada mais me deslumbra, com rarissima exceçao, assim mesmo no singular. Essa super-exposiçao das pessoas nesse palco da hipocrisia nao provoca, nao levanta meu aplauso.

Um beijao!

Magna Santos disse...

Que lindo poema, Ana!! Lindíssimo mesmo! Você sabia direitinho do que dizia, quando me falou sobre asas. Tem razão. Obrigada.
O danado é ter que voar com os grilhões que tentam aprisionar ou com os torpedos que nos tentam empurrar para baixo.
Sigamos...libertas pelas escolhas.
Um 2010 com muita luz, paz, alegria, amor, fé e harmonia.
Beijão bem grandão.
Magna