terça-feira, 26 de janeiro de 2010

"Língua" atualizada

Paródia da genial “Língua”, adaptada ao novo Caetano Veloso

Gosto de sentir a minha língua ferir
Os que não lêem Luís de Camões
Gosto de ser um star
E quero me dedicar a criar confusões e fofocas
E uma profusão de asneiras
Que vendam jornais
E ocupem espaço no Estadão
Gosto do Fernando no poder
Da Sampa do Serra
E sei que a cortesia está tão por fora
Assim como ACM tem a minha amizade
E quem há de negar que o tucano é superior?
E quem há de negar que o tucano é superior?

E deixe os pobretões morrerem à míngua
Minha pátria é minha íngua
Viva o Green Card!

Corro do Lula tão próximo
Dessa América só quero o pó
O que mais quer,
Quanto quer esse merda?

Vamos atentar para a cultura elitista
E falar em inglês com os turistas
Eu sou um imperialista!
(o quê?)
Eu sou um imperialista!

Vamos festejar o sucesso das carmens mirandas
E levar o Chico Buarque de Holanda pro abate
E (no arremate!) cantemos a Luana
Ouçamos com atenção o editorial da TV Globo
Nós somos a nata da nata da nata
Nata da nata da nata da nata

Adoro homens
E adoro fãs
Que sejam meus,
E não de minha irmã
E não de minha irmã

Estou com fome
Quero escargot ao molho Chevalier,
Algo pastoso e algum canapé
Traz, Maria José, algum canapé!

Corro do Lula tão próximo
Dessa América só quero o pó
O que mais quer,
Quanto quer esse merda?

Se eu tenho uma ideia incrível, aproveito e faço uma canção
Está provado que só é possível falar merda ao Estadão
Bolsa-Família quer dizer “corro risco”
Escola pra pobre me deixa azedo
E o movimento dos sem-terra me perturba o ano inteiro!

A grana é minha pátria
O Rio é minha casa e eu tenho mágoa
Muita mágoa

O PAC não é concreto, o governo é caótico
E os imbecis ainda votam nele
Pois... deixem que votem, se fodam e se lasquem!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

CAETANO VELOSO: UM SUJEITO ALFABETIZADO, DESELEGANTE E PRECONCEITUOSO


Esse cordel merece reprodução... Cala a boca, Caêfeagácê!
____________________________
Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara-Ba, residente em Salvador.
Eu já estava estressado
Temendo até por vingança.
Meus alunos na escola
Leitores da ‘cordelança’
E a galera em geral
Sempre a me fazer cobrança.
Todo mundo me acusando
De cordelista medroso
Omisso, conservador
Educador preguiçoso
Por não me pronunciar
Sobre Caetano Veloso.
Logo eu, trabalhador,
Um pouco alfabetizado
Baiano de Santa Bárbara
Sertanejo antenado
Acima de tudo um forte…
E por que ficar calado?
Resolvi tomar coragem
E entrei logo em ação.
Fui dialogar com o povo
E colher a opinião
Se Caetano está correto
Ou merece punição.
Lápis e papel na mão
Comecei a anotar
Tudo em versos de cordel
Da cultura popular
A respeito de Caetano
Conforme vou relatar.
— Artista santo-amarense
Amante da burguesia
Esse baiano arrogante
Cheio de filobostia
Discrimina o presidente
Esbanjando ironia.
— Caro artista prepotente
Tenha mais discernimento.
Seja um Chico Buarque
Seja Milton Nascimento
Seja a luz do Raul Seixas
Deixe de ser rabugento.
— O Caetano deveria
Ser modesto e mais gentil
Porém o seu narcisismo
Que não é nada sutil
Faz dele um homem frustrado
Por ser bem menor que Gil.
— Seu comportamento vil
É algo de outra vida
Ele insiste em muitos erros
Não cura sua ferida
Por isso sua falação
É de alma involuída.
— Caetano é um arrogante
Partidário da exclusão
O que ele fez com Lula
Faz com qualquer cidadão
Sobretudo gente humilde
Que não tem diplomação.
— Por que este cidadão
(O Caetano escleroso)
Não criticou Figueiredo
Presidente desastroso?
Além de aproveitador
O Caetano é medroso.
— Esse Cae que ora vejo
Não representa a Bahia.
Ser o chefe da Nação
Esse invejoso queria
Mas a sua paranóia
Pouco a pouco lhe atrofia.
— Já pensou se o Caetano
Fosse então educador ?!
“Mataria” os seus alunos
Pela falta de pudor
Pela discriminação
Pelo brio de ditador.
— Ele não leu Marcos Bagno
Pois é leitor displicente.
Seu preconceito lingüístico
Contra o nosso presidente
Discrimina Santo Amaro
Terra de Assis Valente.
— Ele ofende até os mortos:
Paulo Freire, Gonzagão
Patativa do Assaré
O Catulo da Paixão
Ivone Lara, Cartola
Pixinguinha, Jamelão…
— Caetano é um imbecil
Da ditadura um amante.
Um artista egocêntrico
Decadente ambulante
Se julga intelectual
Mas é mesmo arrogante.
— A Bahia está de luto
Diante da piração
Desse artista rabugento
Que adora a exclusão,
Vaca profana, ególatra
Que quer chamar a atenção.
— Vai de reto, Caetanaz
Pega o Menino do Rio
Garoto alfabetizado
Que te provoca arrepio.
Esse sim, não é grosseiro
Nem cafona pro teu cio.
— Um burguês reacionário
Que odeia a pobreza.
Ele não gosta de negro
E só vive na moleza.
Sempre foi um lambe-botas
Do Toninho Malvadeza.
— Vou atender meu cachorro
Pois é algo salutar
Muito mais que prazeroso
Que parar pra escutar
O Caetano elitista
Que começa a definhar.
— Certamente o Caetano
Esqueceu do Gardenal.
Bem na hora da entrevista
Lá se foi o bom astral
Desandou no Estadão
Dando um show de besteiral!
— Caetano ‘Cardoso’ segue
Sempre a favor do “vento”
Por entre fotos e nomes
Sem lenço nem argumento
Vivendo só do passado,
Cada vez mais ciumento.
— Eu respeito a sua arte
Mas preciso declarar
Que quando não tá na mídia
Cae começa a atacar
Sobre tudo as pessoas
De origem popular.
— O Caetano gosta mesmo
É de gente diplomada:
Serra, Aécio, Jereissati,
Toda tribo elitizada…
Bajulou FHC
Que fez muita trapalhada.
— O Caetano discrimina
Pois está enciumado.
Na verdade, o nosso Lula
É um homem educado.
Um nordestino sensível
Muito mais que antenado.
— Dona Canô, com 100 anos
Não perdeu a lucidez.
Mas seu filho Caetano
Ficou pirado de vez
Transformando-se num “cara”
De profunda insensatez.
— Ofendeu Marina Silva—
Através do Silogismo
Mistura de Lula e Obama
Logo quer dizer racismo:
Mulher cafona, grosseira
Analfabeta – que abismo!
Adoro Mabel Veloso,
Betânia, dona Canô…
Para toda essa família
Meu carinho, meu alô.
Mas o mestre Caetanaz
Já está borocoxô!
É proibido proibir
O cordelista versar
Pois conforme disse Cae
“Gente é para brilhar”.
Então permita ao poeta
Liberdade de pensar.
Brasileiros, brasileiras
A Bahia está de luto.
Racistas em nossa terra
Radicalmente eu refuto.
Estamos envergonhados,
Todos fomos humilhados
Oh Caetano ‘involuto’.