Sinto o som extravasando em mim
Em minhas veias, minhas têmporas
Em meu amor perdido para sempre
No prédio ao lado, ou atrás, quem sabe?
Recorro a qualquer coisa e a nada.
A sensação é muito boa, iluminada:
Rojões, fogos, buzinas, silêncio
O caos do centro paulistano em que habito
Implosão. Conforto, receio, fumo. Ar.
Poluo-me com prazer e sem opção
Luz branca, computador, televisão
E meu coração não consegue ver nada.
Essa confusão é minha, eu a criei
E como tudo na vida, não tem explicação:
Minha única e esfarrapada desculpa
É ser o que sou, o que penso, e o que digo
O som reverbera em minha caixa de ser
E só me implode, e implode, implode...
Penso que seja uma angústia súbita,
Mas sei que é só saudade danada
Danada e negada, a safada.
Negada por não poder ser
Safada por invadir indesejada
E minha, por pura covardia.
O cigarro acaba, mas o som não.
E ainda sobra essa implosão...
Fodo meu fígado, arregaço o pulmão
Viro de bruços, sem sono, culpada.
4 comentários:
Parabéns, achei muito legal o blog, e a tristeza do texto me remeteu ao sempre rpesente mal-estar da existência...
Abraços
Parabéns, achei muito legal o blog, e a tristeza do texto me remeteu ao sempre rpesente mal-estar da existência...
Abraços
obrigada, Marco. É exatamente isso que descrevo aqui, o estar - mal e bem - da existência. Como eu vejo e sinto isso. Coisa de momento, repente.
Valeu pela visita!
Eis que explodes, crua, pura em sentimentos e perdida entre os sentidos. Mas tu, puramenter inteira! Quebrada, partida, estilhaços! Tu!
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