sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Seda


Costuro o manto da alegria
Ciente que a linha da vida
Uma vez se acaba
- Uma vez só...

E que o tecido escolhido
Sempre poderia ser melhor
Ou pior.

Costuro meu manto colorido
Com afinco mas sem pressa:
Alegria demais se acaba
- Ou descostura.

Embora sempre inacabado
É este o manto que já me cobre,
É este o manto que me sustenta.

Costuro o manto imenso
Mesmo sabendo que o arremate
Me será sempre negado
- Eu, mortal.

Um comentário:

Josias de Paula Jr. disse...

Putz! Achei esse poema um dos melhores dos teus! É o tema das Mil e Uma Noites: acabou a tessitura, acabou-se a vida. Só que Sherezad teve a possibilidade de "esticar" seu trabalho até quando quis... diferente o que ocorre conosco.