Firmei os pés no barranco
Escapei por brincadeira
Corro feito Antônio Manco
Na direção da ribeira
Facão eu só trago dois
E esses mesmo levam uns seis
Barriga nem lembra de fome
Nem na vida que deixei
Meus cascos arreganham a terra
Vai ver que nem mesmo sente
Quentura eu sinto no rosto
Mas só fugir é o que vai na mente
Caminho estreito e longo, Deus do Céu!
Dá pena até olhar pra frente
Mas do jeito que a coisa ia...
Melhor fujão que demente
Conceição ficou com os três:
As meninas e o varão
Meu Deus cuide dessa gente
Que pra lá num vou mais não
Cansei de tanta desgraça
De tanto abaixar o toutiço
Homem de barba num guenta
Ser sempre tratado como bicho
Não fugi por liberdade
Nem luxo ou comida ou direito
Eu vou falar a verdade:
Só fugi foi por respeito
E todo mundo não quer?
O patrão, o padre, o prefeito?
Por que só eu que havera
De não ter o tal respeito?
É bem como disse Miguel,
Sujeito de boa receita:
- a verdade é que nem faca
E quem pode não aceita.
2 comentários:
Ana, na nossa ciranda literária temos a Fabi(do Palavras-Pontes), figura inigualável no sentir e fazer, dando banho também no escrever e interpretar. Mais uma pra tu conhecer em dezembro (eita, já estou armando o sarau). Fiquei imaginando a interpretação dela nesta pérola tua. Pois bem, quando vieres, traz este.
Beijo.
Magna
Isso dá um belíssimo auto, e a Magna tem razão, endosso cada palavra dela!
Beijo!!
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