sábado, 3 de janeiro de 2009

Derivar-se


Em meio ao caos pessoal,
Inflijo-me prazeres torturantes
De sabores, cheiros e texturas
Coisas assim como o puro nada
O ócio! O ócio!
Ah... delícias...
Perco-me até não encontrar mais sombra alguma
Nem vislumbrar a retirada estratégica
Ante papéis e mais papéis
Que contam mais sobre mim
Do que eu possa jamais saber
No pretérito ou no infinitivo - serei gerúndio???
Descasco velhas marcas
Sonho com outras, muitas.
Essa vida que é só minha
Tem toda uma ordem própria, indecifrável:
Cheia de carimbos e vazios,
Muitas viagens, nenhum passaporte.
Uma vida só minha,
Sem escritos que a guiem,
Sem profetas nos caminhos
Com chances iguais de acertos e erros
Construída com concreto, amarrada com areia
(Fragilidade por sobre a força).
Às vezes, invisível, inexistente;
Noutras, a própria Cleópatra.
Perdida tanto quanto tantos,
Nem mais, nem menos.
Racional como a maioria
(Temerosa de idiotices).
Minhas gavetas vivem reviradas
Enquanto permaneço com a ilusão
De ter todas as peças guardadas ao meu alcance
Na ordem da péssima memória.
Meu caos.
Meu raro perdão é silencioso.
Já a minha revolta... berra.
Não catalogo arrependimentos
Razão pela qual os esqueço
Prontamente.
E no entanto, amo.
Amo, mas não me entrego
(Abnego).
Sofro, mas não demonstro
(Sufoco).
Sou uma profusão ilógica de sentimentos.
Em meio ao meu caos pessoal,
Tudo o que desejo é a paz,
É poder dar conta de mim mesma,
Bagunçar minhas desordens
Esconder ou revelar descobertas:
Expressar-me. Ou silenciar:
(...)
(...)
Meu mundo, meu caos.

Um comentário:

Verbo Feminino disse...

Ei, moça!!

Passei apenas para um olá. Mas foi bom ficar um tempo por aqui, derivando-me.

Abraço!