sábado, 14 de novembro de 2009

Sendeiro



Quanto mais me calo, mais dói
Mais nego e ainda renego
Mais me desconheço e desconfio
Que o volume alto de minha voz
Tem sua razão de ser.

Estranho o silêncio que me sai
E me esconde entre o impulso e a necessidade
De um jeito jamais esperado
Com a desculpa de falta de voz
Quando o que falta é coragem
E eu sei – e isso basta.

A palavra não-liberta
Ainda não é essa que agora vaza
E talvez seus grilhões
Sejam, afinal, de puro ouro:
Mais firmes que minha vontade
Mais duros que minha coragem.

Essa conversa de enigmas
Entre cérebro e estômago
Não ousa sair da garganta
Mas regurgita ácida
Queimando tudo por dentro
Sufocando-me.

Por ora me contenho mais um pouco
Pois sei que meu eu
É mais forte que esse outro meu eu
E não há ouro que resista à explosão que segue
O momento de minha retomada:
- Cá estou. De volta. Aos berros.


3 comentários:

Canto da Boca disse...

Então sou eu quem inaugura essa "conversa de enigmas?” Apesar do ouro que brilha, não ofusca a verdadeira face dos sentidos e sentimentos extravasados, os tantos eus anunciados e cotidianamente renovados, mas estamos todos avisados: ela está de volta, ainda bem para todos nós! Vamos juntas nessas “trilhas, pistas, caminhos, sendas, estradas”.

Aquele beijo enorme, extravasado de carinho e saudade!

P.S.
Ô mana, depois fiquei a pensar, tenho uma carrada de milhas, acho que vou usá-las, vou te ver aí...

Dimas Lins disse...

Cláudia,

Voltasse em alto nível, soltando a voz, ao que parece, por força de uma insônia.

Desse jeito, vou deseja que você durma apenas de dia. hehehe

Dimas

Magna Santos disse...

Bendita hibernação! Voltaste com tudo.
Muito muito bom retorno.
Beijos.
Magna