segunda-feira, 25 de maio de 2009

Abutre

Quando aprendi a soltar os ossos?
Depois da humilhação dos antigos
Ou da imprudência da fome?
No sentido do vento
Mirando a longínqua arma...
Tantos abutres ao meu redor!
Todos de minha espécie
(Caçadores como eu),
Famintos, sobreviventes,
Escorraçados traiçoeiros
Filhos de sua natureza
- Ou escravos, melhor dizendo.
Anos de misérias
Consumando fraticídios
Correndo de mim, de tudo
Voando para longe
Ignorando sentidos
Fugindo da morte
Procurando meus ossos...
...Em vão.
Hoje encontro meus ossos
E subtraio-lhes o tutano.
Aprendi a soltá-los:
Vivo.

Um comentário:

Josias de Paula Jr. disse...

Que sinistro abutre! Talvez, porém, mais comum que se imagina...