segunda-feira, 7 de abril de 2008

Consumo oportunista


Droga. Descobri que havia deixado de ser consumista por falta de opção, e não por determinação. Em Alfenas não tem cinema, não tem shopping, não tem Americanas nem o São José. Em Alfenas não tenho amigos que gostem de farra - e aqui em Recife eu só tenho os que preenchem tal requisito, por sorte.

Estou com vergonha de comentar com alguém sobre o calor da terrinha. O suor pode escorrer à vontade, continua e desesperadamente, e mais nada falarei. Já enjoei de ser chamada de "fresca", de "metida", só por confessar que não suporto ficar longe de uma sombra, de um ar condicionado ou de um ventilador. Dimas arrasou com minha pernambucanidade quando ironizou minha reclamação comentando com Lenira, obviamente na minha frente como se não fosse comigo, que "o dia até que tá fresquinho hoje". Isso foi sábado passado, dia em que saí do chuveiro quinhentas vezes hiper-molhada, mais de suor que de água encanada.

O fedor do Capibaribe já perdeu o romantismo. O rio fede mesmo, e quem tem saudade desse fedor deveria ser obrigado a navegar pelo rio por uma hora todinha, bem na maré baixa.

Exercícios físicos também estão fora de cogitação. Tentei duas vezes, mas o resultado é pior que a inércia: saí da Riachuelo para o São José caminhando determinada a cumprir minha obrigação com o corpo, prevendo já o estrago alcóolico pelo qual o bichinho vai passar neste mês. Resultado: assim que cheguei no mercado corri para a lanchonete do Antonio e tomei uma jarra inteirinha de suco de pinha. Tive mais ou menos uma espécie nova de síndrome de pânico. Estava certa de que se não tomasse muito líquido gelado naquele momento eu iria bater as botas. Tinha certeza disso.

Na volta à Riachuelo, paro na esquina para tomar um copo de água de côco. Terminei tomando dois. Conclusão: parada em casa, lendo ou assistindo a filmes, consumo menos calorias. Aliás, praia é algo que está fora de cogitação enquanto eu não me readaptar ao bafo caloroso recifense.

Quer saber? Pode me chamar de fresca à vontade. Não tenho como negar que em Recife tá fazendo um calor miserável. Pensando direitinho, até dá para encontrar uma boa desculpa para meu novo surto consumista. Posso afirmar com certeza: todas as lojas em que comprei algo eram equipadas com potentes aparelhos de ar-condicionado. Menos os botecos, com suas cervas geladas. Não que eu goste de beber; é pura necessidade fisiológica. Pelo menos até eu me readaptar...

4 comentários:

Canto da Boca disse...

Fresca!
Fala de calor enquanto eu quase viro estátua de gelo desse lado de cá.

Anônimo disse...

Cláudia,

Recife está quente até para os recifenses. Mas não naquele sábado. A temperatura estava amena - vá lá que seja, agradável - e a cerveja gelada. Vai querer mais o quê?

E o rio Capibaribe não está mal-cheiroso. Você perdeu o olfato pras bandas de Minas. hehehe. O rio, aliás, nunca esteve tão limpo!

Ademais, aqui você não precisa ter vergonha de nada. Você está em Recife, esqueceu?

Repetiremos a dose no próximo sábado.

Beijos,

Dimas

Josias de Paula Jr. disse...

Ana, essa fase é uma exceção. Recife tem um clima.... insuportável. No meu modestíssimo entender, a cidade foi o maior erro português.
É calor demais, hum!

Anônimo disse...

Josias,

Bateu meu lado bairrista! Não fale mal de Recife! Ou fale, mas em verso e prosa que fica fantástico!

Dimas