segunda-feira, 14 de abril de 2008

Engano


Queridos amigos Artur, Dimas, Geó:

Quero me desculpar por não ter conseguido ir ao nosso encontro marcado, sábado passado. Sei que vocês pensam que eu fui, mas é só porque vocês não me conhecem bem. Soube até que Dimas, que me conhece, com certeza estranhou o ser que enviaram em meu lugar. Parece que o clone foi quase perfeito, pelo que soube. Não vi o tal vil ser.
Como vocês sabem, agora estou morando em Varginha (não sabiam? Pois é). Terra dos ETs. Como sou atéia e aeteia, não acreditava muito na história de que aquelas luzinhas verde-vermelha-amarela-laranja-branca-lilás vinham de outro mundo. Jurava que já as tinha visto mais ou menos na mesma ordem numas barracas que ficam instaladas junto do calçadão de Copacabana, ali bem em frente ao Hotel Copacabana. E, àqueles seres estranhos, parcamente vestidos e empunhando bandeirolas com essas cores todas, enquanto dançavam algo que certamente eles acreditavam ser sensualíssimo, os passantes davam outros nomes. Certamente não eram chamados de ETs.
Bem, como eu estava dizendo... Na sexta-feira à noite fui para Olinda para uma reunião de trabalho muito séria no QG. Discutimos sobre tudo, e como essas discussões sobre tudo, incluindo filosofia e principalmente a história do Partidão, demoram demais, só cheguei em uma casa (que não era minha) por volta das três da matina. Quando acordei, já era sábado à noite. Estava em outra casa, que também não era a minha. Tinha uma bruta dor de cabeça. O mundo rodava. O organismo estava em frangalhos. Foi quando descobri a primeira pista do que havia ocorrido: um terrível cheiro de cachaça mineira me invadia.
Juntando um mais um, concluí: fui abduzida por algum ET de Varginha, que certamente se escondeu na minha imensa mala quando eu vim a Recife. A razão de só agora ele se manifestar, eu sinceramente desconheço. A razão dele ter assumido um formato parecido com o meu para ir à reunião que havíamos marcado e que eu tão ansiosamente aguardava, é outro mistério que possivelmente só será solucionado na próxima reunião da Congregação ET EuTe Amo, no ano 2023, segundo as últimas informações que obtive.
Se o tal do ET fez alguma bobagem, não sei. Espero que algum de vocês tenha percebido a diferença entre o original e o genérico, e tenham se comportado tal qual um rei espanhol diante de um presidente venezuelano muito do inconveniente. De qualquer forma, peço perdão a vocês. Da próxima vez, vou revistar bem direitinho minha mala. Acho que o ET se escondeu no lugar da alça da mala. Não sei, mas prometo investigar a possibilidade.
Tudo isso, aposto: inveja do título de musa que vocês me deram. Ai, ai. Por isso que Marte não vai pra frente.
Bom, tudo isso eu escrevi para me desculpar com vocês (ai, vocês não têm idéia dos efeitos colaterais de uma abdução!), reafirmar que apesar dessa experiência traumática continuo atéia e aeteia, e pedir humildemente uma nova oportunidade de encontro, para que eu possa me redimir junto a vocês.

Sinceramente,

Ana Cláudia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cláudia,

Eu bem que achei estranho o comportamento do ET.

Em primeiro lugar, porque ele apontava para uma cachaça mineira e dizia o tempo todo: "minha casa!".

Em segundo, porque o ET achou que a garçonete fosse sua mãe.

Em terceiro, porque o ET disse que Marco Maciel era o homem mais lindo do país.

Mas eu desconfiei mesmo foi quando, no melhor da festa, o ET quis ir embora. Soube ali que não era você.

Por mim, pode marcar que eu estarei lá no próximo encontro. Teremos um novo contato imediato do 3º grau. E pode trazer o ET que todos gostaram dele.

Beijos,

Dimas

A Autora disse...

Sério, Dimas? Jura que o ET falou bem do Maciel? E você ouviu isso sair supostamente de minha boca e não me internou no primeiro hospício que encontrou? Arre, o clone era um ET do DEMo. Só pra contestar minha falta de fé.

Deixo o próximo encontro para os meninos que moram na "cidade pernambucana da Paraíba" definirem. É só saber quando eles vão passar novamente pela terrinha. Eu estou à disposição.

Josias de Paula Jr. disse...

Não há necessidade alguma de desculpas! Pra falar um frase original, foi ótimo enquanto durou!
Quanto ao encontro, estive aqui na PB no último fim de semana. No próximo vou a Recife. Tenho alguns compromissos, mas vamos ver se a gente se encontra, sim. Mas se não for dessa vez, certamente haverá muitas outras.
Beijo.

ps: Não tive oportunidade no dia de agradecer pela cachaça. Obrigadíssimo! Ela, sim, é uma coisa do outro mundo!!