terça-feira, 22 de abril de 2008

Teste


Eu queria uma vida sem pontuação dúbia complexa por vezes indecifrável Eu queria ver se entendia mais alguma coisa assim ou se tudo iria se misturar tanto que uma exclamação ou uma interrogação ou uma vírgula poderiam ser a causa de um indiciamento de um pedido de casamento de muito choro Coisas do tipo Um mundo sem pontuação Quase uma vida inteira regida pela tática estrutural de texto do imenso Garcia Marquez tudo transformado naqueles pequenos vilarejos colombianos fantásticos encantadores surreais que abrigam solidão secular e meninas de cabelos crescidos mesmo depois de anos de falecimento Vilarejos comandados por um capitão ao qual ninguém escreve nem obedece Grande Gabriel de pontuação econômica que obriga o leitor a ter mais atenção e impede a divagação Seria assim um mundo completamente sem pontuação Não sei apenas imagino Talvez é possível Um mundo sem ponto final e sem pensamentos reticencisuosos palavra que acabo de inventar acredito Pois nesse mundo sem pontos para dificultar um pouco mais também seria recheado de Gracilianismos e de novas palavras criadas não para confundir mas sim para deixar mais claro a um povo mais simples se bem que a prática também pode ser usada para distinguir ainda mais a intelectualidade dos reles mortais Enfim a virtuose também desvirtua isso só depende do uso que se faz das coisas Um mundo sem pontuação Nada de dois pontos sequer um Uma reformulação da gramática Quiçá um novo jeito de pensar Sem pontos sem regras sem discriminações Só não abro mão da acentuação seria meu limite Um mundo sem pontuação Taí gostei

4 comentários:

Data Vênia disse...

Muito bom post...

A todo tempo pontuamos nossos atos. Seja em razão de nossas falsas convicções, em razão da vontade dos outros...
Viva a vida sem pontuação

DV (voltei mesmo!)

Josias de Paula Jr. disse...

E ponto final.

Sig Mundi disse...

Concordo com o DV e Viva sem pontuacao

bjs

Anônimo disse...

Gosto da idéia, embora às vezes sinta a necessidade colocar alguns pingos nos "is".

E reflito mais um pouco e coloco uma vírgula aqui e outra acolá, para dar uma pausa nas coisas de vez em quando.

Pensando bem, tenho medo apenas do ponto final, do fim irremediável, da vida que cessa, das coisas irrecuperáveis.

Reflito finalmente como seria estranha a vida apenas com começo e meio - e levada de um fôlego só - sem a parada derradeira.

No final das contas, torço apenas para eu possa soltar o verbo dentro da minha oração e do período gramatical. E que venha o ponto, mas que venha só no fim.

Dimas