segunda-feira, 29 de junho de 2009

Muito mais que vaidade

Que calcanhar mais mal-cuidado! Amarelado!!!
Li na Veja desta semana o depoimento de uma mãe cuja filha, de 9 anos, vai semanalmente ao salão de beleza fazer unhas (pés e mãos) e cabelo (escova normal e progressiva). A menina segue um ritual diário que inclui cremes para cada pedacinho do corpo, além de filtro solar (para não manchar a pele), salto alto (para se adaptar desde cedo) e mil e uma outras frescuras. Acorda às 6h para tomar banho e escovar o cabelo antes de ir para a escola. A mãe diz que prefere a filha exageradamente vaidosa do que uma filha "descuidada", e arremata afirmando que mulher tem mesmo que ser feminina (para ela, feminilidade é sinônimo de futilidade, pelo visto).
Outra criança, também aos 9 anos, além de fazer tudo o que a outra faz (rotina de salão de beleza e cremes), ainda se interna vez por outra em um spa para fazer regime, porque "não se habitua a comer frutas e verduras em casa", como revela a mãe. Claro que a menina não tem nada de gorda, nada de sobrepeso. Ah, ela já faz drenagem linfática para prevenir celulite também.
Uma terceira cobaia-de-mãe que aparece na reportagem já tem 18 anos e foi presenteada pela mãe, no aniversário, com uma aplicação de botox. Isso porque, quando sorria, aparecia (diz ela) uns "risquinhos" na testa. Reclamava dos críticos, argumentando que cada um deve fazer o melhor pela sua auto-estima, e que ela não suportava os risquinhos na testa - muito menos a ideia de envelhecimento que os tais riscos lhe davam. Aos 18 anos.
Pois é.
De vez em quando vou ao salão fazer as unhas. Não tenho regularidade. Uso hidratante quando me dá na telha, mas mesmo assim, o mesmo que uso no rosto é o que uso nos braços, nas pernas, nos pés, no corpo todo. Gosto mesmo de ter a pele hidratada, gosto de sentí-la macia. Uma amiga minha me deu um curso de maquiagem de presente, ao que recusei, alegando que já tinha aprendido (e faz tempo) a colocar batom, e isso é suficiente. Só entrei em spa na vida para fazer reportagem, e mesmo assim, sem direito a "test-drive". Penso em fazer uma cirurgia plástica (agora não é mais chamada de plástica, e sim "estética") da cabeça aos pés, desde que seja feita por Pitanguy e de graça, ainda por cima. Posso até ter roupa de marca no meu guarda-roupa, mas sinceramente ignoro (igual a churrasquinho de gato: suspeito que já comi; mas se comi, foi enganada). Salto alto, raramente. Fiz escova progressiva duas vezes, e gostei deveras (com a escova progressiva, posso até me dar ao luxo de esquecer de escovar o cabelo antes de sair de casa).
Sou, enfim, uma anti-feminina, no conceito atual das mães-de-cobaia. Sempre fui do tipo que dispensava o embrulho do presente.
No entanto, confesso: com meu modelo, está difícil sobreviver em São Paulo. Tenho cedido em algumas coisas. Mesmo assim, muitas vezes sinto-me um ET.
Melhor é voltar pra Varginha. Senão, termino aplicando botox.

9 comentários:

Nicolau disse...

Esses exageros são lamentáveis. Mas não posso escrever muito porque acabei de fazer as unhas também e tenho que me poupar na utilização do teclado.

Beijos

Canto da Boca disse...

Internemos essas loucas que se arvoram de mães... Sifu!

Beijo pra tu, cara de tatu, saudades a dar de angu!

Nicolau disse...

Veja o que acontecerá com essas meninas:

http://redeye.chicagotribune.com/chi-071211young-photogallery,0,6691678.photogallery?index=1

Dimas Lins disse...

Uma vez uma mulher me perguntou se eu era metro. Entendi errado e disse que a estação mais próxima do metrô era a de Joana Bezerra. Ela riu e teve a certeza que não éramsos do mesmo mundo. Nem precisava perguntar nada para saber. Minha barriga já diz tudo. Fala por mim. Escreve torto em linhas certas. "Cerveja, meu caro, cerveja!". Bota mais um copo.

Está bem. Vou mudar. Marcarei consulta com um endocrinologista para fazer uma dieta. Gastarei também 50 mangos para deixar meu cabelo do mesmo jeito que ele é hoje com 100% de ágio do que pago atualmente, só para ir a um cabeleireiro da moda.

Se é pouco, também irei à manicure. Não tenho preconceitos. Os salões sim, esses têm. Mas ficarei com cara de ET se disser que quero um spa para os pés. Me contentarei então em apenas cortas as unhas. Me perdõem, mas não gosto de imaginar minhas unhas do tamanho daquelas de Zé do Caixão. Mas para não causar impacto, lavarei as mãos com detergentes para que elas fiquem ásperas. Dizem que homens com mãos macias demais é sinal de viadagem. Alías, como exercício, Buscarei um emprego de estivador. Perderei a barriga e ficarei com as mãos cheias de calo. Mas espere... Há outra forma mais aprazível de deixar calo nas mãos. É isso. Farei justiça com as próprias mãos.

E, para fazer ainda mais justiça, digo sem afetação que fiquei feliz pela volta de Cláudia. É que ela me enganou. Disse que daria um tempo nos escritos e eu, feito um patinho, deixei de vir aqui.

Volto agora e só abandono o blog depois que ele passar cinco anos sem atualização. No mínimo!

Dimas

Josias de Paula Jr. disse...

Eu tava no Mercado da Madalena tomando umas com uns caras que eu não conhecia. Coisa de boteco. Encostados no balcão começamos a falar sobre essas atitudes das mulheres. Daí, um dos caras disparou: "Depois elas reclamam porque tem tanto viado!". Filosófico, o camarada! Filosófico!

Canto da Boca disse...

Mana, vem aqui ó: http://palimpnoia.blogspot.com/

Um beijo pra tu cheio de saudades!!

A Autora disse...

Dimas,
É sempre uma honra receber a sua visita! Volte sempre! De metrô ou não, de unha lilás ou só com a base, de todo jeito. Sem preconceito.

Magna Santos disse...

Sinceramente, Ana, toda vez que leio estas notícias sobre as loucuras de vaidade me bate uma tristeza...ainda mais com criança no meio.
Isto tudo em relação à infância, infelizmente, já é fato. Difícil, por exemplo, encontrar uma sandalinha inocente para uma menina que não tenha um salto ou algo que caiba mais(apesar do número) para adulto. O resultado são um bando de anãzinhas passeando por aí com seus celulares e coisa e tal.
Vivemos a cultura do corpo, minha cara. Assunto que os psicanalistas falam muito bem.
Beijos.
Magna
Obs.:indiquei teu blog no Estuário (texto: "sobras de viagem") a pedido de Samarone

Wher disse...

Olha sinceramente nada mais me assusta. Hoje em dia casos como este estão cada vez mais comuns e do jeito que vão indo as coisas temo muito o futuro dessas crianças. Muitas maes não tem um preparo pscicólogico para assumir tal posição. Infelizmente apenas podemos lamentar.
Aproveitando a oportunidade parabens pelo Blog.