
O que realmente importa
Vive em segredo
Palavras são armas de fuga
Inebriantes, ilusórias, agudas
Que quase sempre
Servem mais a quem diz
Do que a quem ouve.
Quase sempre, repito.
Aos que enxergam as entrelinhas,
Meus sinceros pêsames.
Deve ser cáustico perceber
A mesquinhez guardada
O sofrimento sob o riso
A falsa serenidade do paciente terminal
A paixão aprisionada pela cultura.
Coitados dos alfabetizados de páginas em branco.
Percebo em mim tudo isso:
O dito inócuo,
O escondido suplicante
A ironia, o sarcasmo.
Chego a sentir a arrogância
Da boca tapada, calada,
E a prepotência descarada
Em frase benevolente.
Lembro agora com nitidez
Uma superioridade, vinda não sei de onde,
Dirigida a não sei quem
Desconhecida a razão
Explicitada num resmungo,
Num palavrão, num "hein?",
Na simples junção de letras,
Ou nem nisso: só um não-olhar.
E ainda aqui, agora,
Faço uso das palavras
Construo frases recortadas
Jogo idéias ao ar
Apenas para esconder
O que preciso explicitar;
Apenas para mandar
Um recado pra você: escreva.
5 comentários:
Passei pra te desejar uma Feliz Páscoa!
Beijos, andrea
Sou do verbo, pelo verbo e para o verbo!
A sugestao é mais que perfeita: escrevamos!
Saudades de tudo. Deixei minha agenda no Brasil, me envia teu end?
Beijos.
Cláudia,
De arrepiar! E tenho gostado cada vez mais de ler seus textos, poemas e de acompanhar suas palavras.
E acho incrível a sua capacidade de surpreender. Não esperava esse final, que aliás é mais forte do que se supõe, além de direto, doído e sincero.
Diante disto, grito aos quatro ventos: onde estás que não responde?!
Beijo grande,
Dimas
Esse não cabe comentário. Não é preciso juntá-lo a palavra alguma. Guarda esse que vai ser de antologia.
não mandar e-mail, tudo bem.
não vir pra são carlos, tudo bem.
agora não atualizar o blog??? francamente...
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