E a vida toda se resumia
Ao passado ali velado
Diante de todos
Nunca tão solitário
Como naquela hora
Como no outro dia
Para sempre seria
Um pacto quebrado
Desacordo de idéias
Choque, natureza
Fato consumado
Não era a hora
Nem nunca seria
- Cedo demais!
Tão sem razão...
Restou o abandono
Restaram apenas restos
Um caminho reto
A espera de sua vez
À espera do reencontro.
De agora em diante, só.
5 comentários:
Autor, ator e narrador? Uma coisa que me encanta é o fato de alguém se implicar ator, no sentido de autoria, de tomar pra si, a responsabilidade de algo, ainda que num futuro qualquer, o que lhe salve sejam as lembranças e a companhia da solidão, porque trazendo para a pessoalidade, na minha solidão é quando eu mais me conheço e reconheço.
Ah, mana! Que poema tão lindo, têm um quê de "gracilianesco", talvez influenciada pela imagem de barro, imediatamente remeti todas as memórias, ao sertão: um sol azul Monet; vaqueiros com suas vestimentas de couro; cactos: palmas; caatinga; aridez, o monocromatismo marrom, salpicado por um amarelo-cajá, um flamboyant vermelho-sangue teimoso; as cores imperiais do sertão e suas plantas solidárias. Minhas referências cabralinas. E talvez ainda resquícios da leitura dos Cassacos (Maximiano Campos), é uma boa leitura.
Olinda sempre me revigora, inda mais agora que não posso tê-la sempre, mas isso não me entristece e nem incomoda. Algo se quebrou dentro de mim, a politicagem e a falta de respeito e de vergonha na cara dos políticos desse país, estão roubando a minha ingenuidade e minha fé no outro, nem mais vontade de morar nesse país, tenho. Se não fosse pelas meninas eu não mais moraria nesse país.
Um beijãozão!
P.S.
O melhor dos comentários é como cada um interpreta o que lê.
Cláudia,
Muito bonito e tocante seu poema e encontrou uma combinação perfeita de expressão na associação com a imagem do texto.
Como disse Canto da Boca, o poema nos remete ao sertão, às sandálias de couro, os arreios dos cavalos, ao sol a pino, aos cactos, a vida simples e a lida.
Aproveito para dizer que, inspirado por você e pelo poeta Josias, me aventuro amanhã, no Estradar, com meus primeiros versos.
Beijos,
Dimas
Postar um comentário