Pra começo de conversa, já não gosto dos nomes estrambólicos que os nossos homens de preto inventam para designar os trabalhos que são pagos para fazer. Tenho a impressão de que eles se reúnem pelo menos dez vezes antes de começar a pôr a mão na massa, tudo somente para decidir qual o nome vai soar mais bonitinho na boca do "Bonner, William Bonner" - vulgo Bonner Simpson. Todos filhos do César Maia, herdeiros das invencionices.
Têm a cara de pau de pegar o belo paraíso machista de Manuel Bandeira para designar um trabalho que consiste em desarticular uma quadrilha que libera recursos do FPM para os municípios com dívida no INSS. Beleza.
Mas aí, eis que Tarso fica de birra com Dilma e o PT de São Paulo acha que tem que dar uma lição no PT de Minas, que por sua vez acha que dá para tatuar uma estrela num tucano. Resultado desse samba de crioulo doido? Mais de 300 prefeituras mineiras e o Tribunal de Contas do Estado viram noticiário no horário nobre como participantes de uma gangue (ou, como define a lei penal, são acusados de "formação de quadrilha").
Pra resumir a mistureba: a PF disse que uma empresa faz a falcatrua. Só que a dita empresa é excelência em sistema de informação, e por isso presta serviços a centenas de municípios em todo o país. Aí, os cerca de 300 prefeitos mais os 300 secretários municipais de Finanças de Minas que têm contrato com a tal empresa, viram imediatamente cúmplices da empresa. Entendeu? Tipo assim: você faz compras regularmente num supermercado e a polícia depois descobre que o tal supermercado (qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência...) compra carga roubada. Aí prende o dono do supermercado e os consumidores - estes, por crime de receptação de produto roubado. Faz sentido para você? Pra PF faz.
Enfim, não quero defender ninguém mas também sou cismada em condenar assim tão facilmente. O que eu vejo é uma leviandade filha da puta às vésperas de uma eleição. O que eu vejo é centenas de prefeitos (de todos os partidos) sendo esculhambados independente de merecerem ou não. O que vejo é essa maldita tendência de simplificar esculhambando, dizendo que político é tudo farinha do mesmo saco. Eu, pelo menos, já tive o prazer de conhecer político decente. Da mesma forma que tive o desprazer de conhecer religioso profissional pedófilo e ladrão, ONGs que sobrevivem de dinheiro governamental, cirurgiões que aconselham uma cirurgia antes de um tratamento alternativo, jornalistas que escrevem reportagens em troca de convites para festa, etc.
Bom, desabafei. Posso até não ter sido suficientemente clara, mas é que nem tudo pode ser dito. Particularmente, fico aqui torcendo para que um balão junino acerte bem a cabeça de Tarso, que o PT de SP continue a perder eleições, que o PT de Minas descubra o significado de ideologia e que os responsáveis pela Operação Pasárgada caiam nas garras de Joana, a louca da Espanha (rainha e falsa demente...).
2 comentários:
Ela enlouqueceu de amor... E é tudo que os envolvidos em tantas e outras mais falcatruas, não têm. Ou melhor, sim, têm, amor pela grana que não lhes pertencem, amor ao poder, à corrupção... Queria ver como seriam os tucanos decepados, aqueles lá do PT de Sao Paulo, sem mãos, seios... A propósito, seus restos mortais, estão ma Capela Real de Granada, uma das mais belas igrejas que já vi.
E a Universidade de Granada foi fundada por seu irmão, Carlos V.
Xiiii! Baixou a historiadora....
Beeeeijos.
Cláudia,
Concordo em parte contigo. É preciso apurar antes de condenar. Virou lugar comum no Brasil que a condenação vem junto com a acusação.
Não sei a profundidade do trabalho da PF, por isso, minha defesa é parcial. Mas entendo que a PF é uma das poucas instituições que estão funcionando, com defeitos, que certamente devem ter, mas também com acertos. O nome das operações também considero de uma bobagem só. Acho que só tem uma razão: causar impacto na mídia.
Não sei se há envolvimento entre esta empresa e os prefeitos. Mas como auditor te digo que onde há fumaça, geralmente há fogo, pois se tem uma coisa que essa turma de gestores públicos não carrega sobre os ombros é a ingenuidade.
Mas acho a discussão plausível. Até porque, como disse antes, há uma cultura de condenar e depois ver se foi isso mesmo.
Beijos,
Dimas
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