Numa hora dessas, não penso nas dificuldades, nas decepções e das rasteiras tão naturais em uma campanha eleitoral. Numa hora dessas esqueço que estive fora de casa por quatro longos meses, trabalhando de domingo a domingo. Só lembro que fiz o que me deixaram fazer, briguei com quem tinha que brigar, abracei quem precisava ou quis abraçar. Só lembro que meu candidato é, sem dúvida nenhuma, a melhor opção que se apresenta - e que eu o ajudei a vencer, eu e mais um batalhão de gente que fez de tudo para que o nosso candidato pudesse continuar no governo. Posso até ser piegas, mas a emoção da vitória compensa, quando a gente acredita que está fazendo o melhor. E eu acredito, sinceramente.
Estou gritando nas ruas desde as cinco horas da tarde. Parei há meia hora, ou seja, às dez horas da noite. Cantei as músicas dessa campanha, cantei as músicas de campanhas passadas do Lula. Gritei o nome de meu candidato um zilhão de vezes toda vez que um carro com adesivo passava por perto de mim. E gritei um "chupa, Marcão! Fudeu-se!" toda vez que um carro com adesivo do adversário passava. Pronocação idiota, eu sei. Mas faz um bem...!
Ainda tenho garganta para gritar mais, assim como tenho fígado para beber mais e tenho braço para balançar mais a bandeira vermelha imensa do PT. É um momento em que choro de alegria, me abraço com o primeiro que estiver passando na minha frente, pulo como um folião. É uma alegria imensa, imensa. Talvez seja difícil de entender para quem não gosta de política. Mas este é meu vício, um dos mais antigos que tenho. Choro mesmo, sem vergonha. De alegria. E choraria muito de tristeza se o resultado fosse diferente.
Estou com sapato vermelho, calça preta, blusa vermelha com listras brancas (sou Santa Cruz, sempre). O cabelo está emaranhado, a roupa está molhada, a garganta tá doendo, e eu ainda tenho que trabalhar hoje. Não importa, hoje é um dia muito especial, do tipo que só ocorre de dois em dois anos. Tenho que comemorar mesmo, tenho esse direito. E que venha o próximo pleito.
Ah, não podia deixar de mencionar um assunto aqui: dinheiro. Tradicionalmente, campanha é um trabalho atrativo para quem gosta de ganhar dinheiro. Nada contra. No entanto, comigo é um pouquinho só diferente. Eu troco o dinheiro pelo prazer de trabalhar na campanha por alguém que acredito. Claro que sou remunerada, mas nunca peço tanto quanto na verdade eu mereço ou poderia exigir. Como já disse, troco parte da remuneração pelo prazer. Esse é meu grande barato. E quem não acredita quando eu digo isso, é porque simplesmente não me conhece.
2 comentários:
espero que agora você tenha tempo pra dar um oi para os amigos de léguas tão distantes...
gostei muito do estilo do seu texto, ele é assim ... cheio de energia.
parabéns e beijos
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