quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Toleima


Em meu baluarte lacustre
não encontrei o sonhado mistral,
apenas a febre palustre
designada, não por um douto,
e sim pelo mero cantoneiro
- revelado um grande patranheiro,
insuflador de terrores
em sujeitos parvos, atoleimados,
como esta que vos fala.
Ao longe reconheci a elegia
lúgubre, renitente, insanável,
lembrando-me o regresso ao estado inicial
e causando-me volvos incontínuos
- violentos prenúncios da terçã
que o fadário me cominou
como remate de uma existência ímpia
encalacrada de piáculos
sem páculos ou possessores.
Deixo, assim, de perpetuar-me
acantoada pelas quelhas
intermediando justeza e assombramentos,
abjurando o avelhentado
expiando o incipiente
opondo-me a reverências
(veladas ou nítidas).
Hipocritamente mortificada,
revivesço faustosamente.

3 comentários:

Nicolau disse...

Sensacional.

Canto da Boca disse...

Correndo para o dicionário!
... E ajunto-me ao seu Pessoa:"sem a loucura, o que é o homem mais que a besta sadia? um cadáver adiado que procria"

E muitos beijos e muito grata pela nossa conversa maravilhosa de ontem, há tanto tempo nao fazíamos isso.

Anônimo disse...

É música ou poesia? o som que há na palavra, na percursão entre a língua e os dentes, no eco que a emoção produz dentro da cabeça, vale a pena ser lida em voz alta até deixar a alma de língua de fora.
Muito lindo, tudo.