quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tesouro

Longe de minhas misérias
Quase nem me reconheço:
Um falar virando a cabeça para a esquerda,
Olhos sorridentes, boca lacrimejante,
Um jeito firme de encarar
Postura ereta, forte.
Longe de minhas misérias
Eu consigo ser eu mesma
Embora me desconheça, às vezes,
E sequer isso me causa estranheza.
E embora feliz,
Momentaneamente livre, completa,
Ainda sinto falta delas,
As minhas misérias.
É que, longe das minhas misérias,
As encontro no outro, nos outros,
Todos miseráveis,
Tão ou mais que eu:
Eis minha maior miséria.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cláudia,

Me empolguei com teu belo poema e fiz uns versinhos:

Longe da minha miséria
Há o enterro da alma
O silêncio é pesado e, por isso, nunca acalma
É a dor que sangra por minha própria artéria

Longe das minhas próprias misérias
Ainda sou miserável
Da humilhação e da vergonha, companheiro inseparável
E assisto meus valores caros devorados por bactérias

Longe da nossa própria miséria
Não somos nós
E continuamos sós
Mais do que nunca

Beijos,

Dimas