Os pés descalços não se importam com as queimaduras do asfalto quente.
O ser faminto se esquece da dor no estômago.
A falta de tudo não quer dizer nada.
Ele prossegue. Tem fé.
Em casa, nada para comer e seis crianças para alimentar.
Uma mulher raquítica de tantos outros abortos.
Um choro incessante que mistura o sal da lágrima ao do catarro.
Ele prossegue, cultiva a fé.
Sem trabalho, restou a lembrança das humilhações.
"Sai, safado". "Trabalha, vagabundo". "Seu vadio".
O dinheiro nem dava para viver nem para morrer.
Ele prosseguiu, um dia ia melhorar.
No dia em que foi escorraçado do trabalho e da casa, chorou.
Um ano depois, e tudo só piorou.
Caminha agora pagando adiantado a promessa a sua santa.
Os calos doem, a vida dói. A fé salva.
Um comentário:
Cláudia,
Bonito, bonito mesmo e, usando suas próprias palavras, dolorido, muito dolorido.
Aproveito e aviso que encontrei a rapaziada no famigerado jogo de ontem do Santinha e confabulamos sobre nosso encontro no final de fevereiro.
Beijos,
Dimas
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