sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Adiante...


Os pés descalços não se importam com as queimaduras do asfalto quente.

O ser faminto se esquece da dor no estômago.

A falta de tudo não quer dizer nada.

Ele prossegue. Tem fé.

Em casa, nada para comer e seis crianças para alimentar.

Uma mulher raquítica de tantos outros abortos.

Um choro incessante que mistura o sal da lágrima ao do catarro.

Ele prossegue, cultiva a fé.

Sem trabalho, restou a lembrança das humilhações.

"Sai, safado". "Trabalha, vagabundo". "Seu vadio".

O dinheiro nem dava para viver nem para morrer.

Ele prosseguiu, um dia ia melhorar.

No dia em que foi escorraçado do trabalho e da casa, chorou.

Um ano depois, e tudo só piorou.

Caminha agora pagando adiantado a promessa a sua santa.

Os calos doem, a vida dói. A fé salva.



Um comentário:

Anônimo disse...

Cláudia,

Bonito, bonito mesmo e, usando suas próprias palavras, dolorido, muito dolorido.

Aproveito e aviso que encontrei a rapaziada no famigerado jogo de ontem do Santinha e confabulamos sobre nosso encontro no final de fevereiro.

Beijos,

Dimas