Xingue, grite, esbofeteie,
Mas não injete em minhas veias
Esse silêncio seco, áspero,
Irritante, pernicioso, torturante.
Vomite o que pensa
Mesmo que me banhe de seu líquido fétido
E ainda que meus ouvidos rejeitem a verdade das palavras
Ao menos saberei respeitá-las.
Esqueça o que tem a perder
Que, no fundo, já está perdido,
(E você sabe disso)
Queiramos ou não.
Grite! Grite! Desabafe!
Enxote os urubus do medo
Alivie-se desta carga,
Seja franco consigo.
Não se preocupe em ser justo,
Um homem ferido tem esse direito
E tenho a consciência das minhas escolhas
- Desculpe, mas sempre a tive.
Grite, agrida, mate,
Mas, por favor,
Livre-me da agonia
Dessa falta de palavras,
Das acusações silenciosas,
Do teu olhar magoado,
Da tua falta de ódio,
Dessa minha sensação de culpa.
Imploro por tua piedade,
Xingue ou vá embora,
Desapareça para sempre de minha vida,
Você e seu maldito silêncio.
卡塔里跳投Mutaz Essa Barshim为2014年设定了高目标
Há 2 anos
5 comentários:
Cláudia,
Lindo e cortante. O silêncio às vezes é pior do que mil palavras insultuosas.
Seu poema é como dizer ao outro: "Cala-te silêncio! Prefiro a aspereza da voz a privar-me da tua agressão!".
E o final é arrebatador: "Desapareça para sempre de minha vida,
Você e seu maldito silêncio.".
Muito bom.
Dimas
Realmente o silêncio é enlouquecedor, e mais ainda pra quem quer ouvir um turbilhão!
beijocas, andrea
O barulho do silencio, chegou aqui.
Beijos.
O silêncio é o estático, a suspenção. Algumas vezes a paralisia. Por isso esse escrito angustiado, que clama por vida, movimento, ato. Enfim, "no começo era o verbo"...
Muito bonito, mais uma vez!
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