"Eu despedi o meu patrão (...) ele roubava o que eu mais valia, e eu não gosto de ladrão".É isso. Só estava há quatro meses no emprego, e nesse período eu pensei em me demitir pelo menos umas 100 vezes. Nunca tive paciência para suportar desaforos e desmandos, e sou arrogante demais para ter um patrão mais arrogante ainda. Não consigo suportar ser comandada por alguém que ostenta orgulho ao espalhar aos quatro ventos nunca ter lido um livro na vida, e não sentir falta de livros. Afinal, sou jornalista. É para mim humanamente impossível lidar com um patrão que não quer textos no jornal por afirmar que o povo não gosta de ler (se não gosta mesmo, pra que gastar dinheiro com jornal?). O pior é que estou falando de um administrador público.
O ex-patrão é daquele tipo que arrasa com a auto-estima de seus funcionários, deixando-os apáticos e descrentes de si mesmos. O problema é que comigo isso não funciona. Recebia um ataque, devolvia outro. Abusei da ironia "n" vezes ao desferir os tiros. Mas isso nem deu tanto prazer. Foi mais ou menos como contar uma piada para quem não entende: você tem que explicar cada ponto, e a piada, por melhor que seja, perde completamente a graça.
Acredito que o trabalho só faz sentido quando te traz prazer ou recompensa financeira. O meu não trazia nenhum dos dois. Poderia enrolar mais um tempo, pegando uma licença médica, por exemplo. Mas isso não combina comigo. Tenho essa mania de ser transparente, e falar o que penso assim, na bucha, sem meias palavras.
Se fosse pegar licença médica, pediria ao médico para anotar que eu estava com febre tifóide. Tifóide, patrão. Tifóide. Tifoida-se. Nem estaria mentindo, tenho mesmo essa doença crônica que me faz mandar tifoider-se qualquer um que me tira os restos mortais de paciência que tenho.
Pensando direitinho, a culpa disso é do Dimas. Foi ele quem atiçou despudoradamente a minha inveja ao dar a entender que teria um dia a mais de folga nesse feriadão, e que iria curtir na praia comendo lagosta a R$ 10. Foi demais pra mim. A inveja cresceu, cresceu, e resultou num acesso de tifóide.
Deu no que deu. Agora, Dimas, meu feriadão vai ser maior que o seu! hehehe.
8 comentários:
Cláudia,
Não me responsabilize. Você mesma me disse que nem gostava tanto assim de lagosta. E, se serve de consolo, a lagosta custou R$ 25,00. Tudo bem que foram oito lagostas inteirinhas, mas o preço foi esse.
Talvez seu fim de semana tenha sido mesmo melhor do que o meu. É que o Santa voltou à zona do rebaixamento e está com uma cara de terceira divisão dos diabos. Tenho medo de me acabar junto com o clube, pois amor que vem de infância é coisa insubstituível.
Quanto ao patrão, estamos sintonizados. Estava fazendo uma crônica há algum tempo em cima desta música, embora com uma ótica diferente. Parei no meio, mas pretendo retomá-la. É que esse negócio de escrever tem umas coisas estranhas. Há temas que pedem passagem e não há como segurá-los.
E para teu ex-patrão, citaria uma frase de Scoth Adams, um autor americano que tira um sarro das teorias de administrações: "não há nada pior que um ignorante com poder".
Dimas
uauuuu que sábia decisão!!!um patrão desse vc não merece... que tipo asqueroso!!! bj, bem vinda ao mundo dos vivos e bem dispostos
ricardo
Hehe, essa da tifóide foi demais! Patrão... Não é chefe, nem coordenador, nem presidente, nem dirigente, nem diretor, é patrão. Tão ruim quanto banqueiro. Brecht perguntou uma vez: o que é pior, assaltar ou fundar um banco?
Aliás, aproveitando a deixa e a situação do Santinha: tifóide Edinho!
O que não compreendo até agora: Como alguém que não gosta de textos e afirma nem sequer ter o hábito da leitura pôde chegar a esse cargo? Herança, talvez? Ou foi somente um estranho senso de humor?
Te deixo um poema de Trilussa, que versa sobre o tema.
"Um Homem disse a um lobo: - Se
[tu não
fosses tão arrogante e prepotente,
ganharias a vida honestamente
e terias a minha proteção.
- Prefiro a liberdade a ter patrão,
o Lobo respondeu, de resto
se eu fosse bom e me tornasse
[honesto
me tratarias como a um cão."
Nesse caso, sejemos o Lobo do lobo do Homem!
Dimas:
A culpa é sua sim. A essa altura, não importa se vc pagou 10 ou 25, se comeu uma ou oito. O problema foi vc dizer que ia fazer o que eu não estou podendo, mas sempre estou querendo. Quanto ao Santa... é exagero de vcs, né? Não é possível... terceira não... Ah, o Adams conheceu meu ex-patrão? Porque o definiu melhor que eu...
Ricardo Soares:
Muito obrigada pela calorosa recepção! Mas, pra falar a verdade, fiquei muito pouco tempo fora desse mundo ao qual estou de volta... E é sempre maravilhoso retornar a ele!
Artur:
Patrão: Freud explica, não explica?
Quanto ao Santa, além dos comentários que fiz para o Dimas, queria acrescentar que nós, torcedores, estamos "tifoididos" com esse time!
Ricardo:
Esse imbecil chegou onde chegou porque é político. Como vê, está na profissão certa - eu é que estava no lugar errado.
Josias:
adorei! auuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!
Apoiado!
Política. Está explicado.
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