segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Responsa


Tudo o que eu queria era não precisar de nada. Querer, só por querer; ter onde buscar de graça o que eu quiser. Não precisar acumular, não precisar pensar no dia seguinte, não precisar contar cédulas, não precisar precisar.
Liberdade custa muito caro, e para mantê-la é preciso submeter-se. Ou seja, ela simplesmente não existe no conceito amplo. Satisfaço-me, por falta de opção e pelo bem da minha sanidade mental, com o que consigo extrair dela aos pedaços, em miúdos.
Nem sei quando foi que perdi a ambição. Não lembro quando resolvi abrir mão das marcas e modismos, em troca de conforto puro e simples. Só não consegui me livrar do orgulho, nem sei como seria viver sem ele. Nunca tentei isso. E também cultivo uma certa vaidade que não é física, aparente.
Claro que queria ganhar na megasena. Para não precisar. Mas nem jogo. Não preciso ganhar na megasena, eu só quero. Que caia do céu, ou da porta traseira do carro-forte em alta velocidade. Daria todo o dinheiro para alguém administrar, enquanto eu ia simplesmente continuar a vida como a levo hoje. Só que sem precisar.
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Isso tudo é fruto do fato de ter retornado hoje ao meu ex-trabalho. Resolvi permanecer por mais 30 dias, enquanto procuram um substituto. Não pelo ex-patrão, que fique bem claro. Mas pelos meus colegas e pelos projetos já iniciados, que eu gostaria de concluir ou ao menos deixar melhor encaminhados. Eu verdadeiramente não precisava conceder esses 30 dias. Mas me sinto com essa obrigação de fazê-lo.
Nem por isso me sinto melhor. Estar aqui me embrulha o estômago. Por sorte, ainda não encontrei com quem não quero. Mas será preciso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cláudia,

Digamos que nós estamos numa situação parecida, embora diferente. É estranho, mas é assim mesmo.

Estou envolvido em um projeto no órgão em que trabalho. Se envolver em projeto no serviço público significa fazer algo necessário, ser designado pela administração para fazer dar certo e não ter apoio de quem o designou. A alta administração tem uma mania de esquecer suas responsabilidades e deixa sempre a bomba no colo dos outros.

Estou à frente de uma equipe de oito pessoas e já pedi para sair do projeto um sem número de vezes. O meu estresse já foi à lua e nunca voltou. Mas não saí por alguns motivos.

Não saí, porque sei as consequência para os servidores do TCE, caso este projeto não vá adiante. Não saí também por senso de responsabilidade. E só.

Nunca me estressei tanto em minha vida profissional. Mas agora vou até o fim. Não quero cargos no serviço público, não preciso dessa chateação. Prezo pelo meu senso de direção e meu trabalho não é minha casa e nunca será. Lá, não posso fazer o que acho melhor. E o que acho melhor está além do serviço público. Faço o que está ao meu alcance.

Enquanto isso, vou sobrevivendo. Com o saco cheio, é verdade, mas sobrevivendo.

Dimas

SOS Miséria disse...

Muita sensibilidade por aqui, grandes idéias, problemas? Tudo pode ser resolvido. Coragem !
Alda