segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Um pinguinho de exagero



A gente vicia em internet.
Passei o final de semana todo sem conseguir me conectar. Anotei o número de todos os erros apresentados, depois vou fazer umas análises combinatórias e jogar na megasena, pra ver se isso foi sinal dos céus ou azar do créu mesmo. 734, 633, 627, que eu me lembre. As mensagens diziam que o telefone não estava ligado (!), que tinha sido encerrado o protocolo sei lá de quê, que não havia acesso à porta de comunicação (hein? onde eu larguei essa chave?), e mais um monte de bobagens sequenciadas. Fez com que eu me lembrasse do dito popular: desculpa de amarelo é comer barro.
Como moro em zona rural, a única saída para conexão de internet é essa que estamos usando, via celular. Então nem adianta reclamar com o servidor, senão os caras ficam abusados com a gente e sugerem que, já que estamos achando ruim, cancele o contrato. Não podemos fazer isso. Formamos uma comunidade familiar alérgica a telefone. Se a gente quer levar um papinho com alguém, liga o msn. Se o papo é mais sério, vai por e-mail. Se é só um recadinho, vai pelo orkut. Se dá saudade, abrimos a cam. Somos toxionlinecômanos (ou toxiconlinemaníacos, qual será a terminologia correta?).
Se me chateei por ficar sem acesso, meu irmão, se estivesse pelo sítio no final de semana, a essa altura estaria na UTI cardiológica.
O doutor:
- Ele está com uma pressão elevadíssima. Alguma contrariedade forte nos últimos dias, muito estresse no trabalho, algum trauma recente?
- Não senhor, doutor. Ele sofreu um acidente em agosto e ainda está de licença médica por isso. Ele colocou o carro numa oficina mecânica em março e o carro ainda não ficou pronto. Todas as cadelas do canil cruzaram com o rotweiller do vizinho e geraram dezenas de viralatinhas. Mas tudo isso ele já tinha superado. O problema é que ele tentou acessar a internet o final de semana todinho e não conseguiu.
Seria mais ou menos isso. O único exagero nisso é a atenção e a delicadeza dispensadas por um cardiologista de emergência à família de um paciente, desde que somos todos simples pagantes da saúde pública - ou seja, temos plano de saúde de privada, aliás, privado. Nada de dinheiro vivo, doutor.
Voltando do arrodeio, cá estou novamente me queixando da falta de acesso à internet no final de semana. Fiquei sem escrever, fiquei sem ler os blogs, sem saber das "últimas notícias no Brasil e no mundo", sem abrir meus e-mails (isso dói), sem vagar por esse mundão do google. Fiquei sem meus joguinhos bestas, sem o msn. Quase uma náufraga numa ilha deserta. Nem consegui me concentrar direito para as minhas leituras de livros, aqueles objetos já quase classificados como "não-identificados" pela nova geração. Isso porque toda hora voltava para a frente da "teletela" e fazia uma nova tentativa de conexão. E a frustração, seguida de mais uma nova vã tentativa.
Isso não é caso para se queixar no Procon. Não é uma simples deficiência na prestação de um serviço qualquer. Isso já virou caso para a Comissão de Direitos Humanos da ONU.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cláudia,

Padecemos do mesmo vício. No seu caso ainda há um bom argumento: o contato com o mundo exterior. No meu, nem isso.

Mas, como você, se fico sem internet, sofro. Fica faltando alguma coisa. Ainda mais por um fim de semana inteirinho.

Quanto a Arnaldo, ele ainda está de licença médica?

Putz, o caso é sério. Diz para me entrar em contato comigo pelo skype.

Dimas

Canto da Boca disse...

O recado do Dimas para o Arnaldo, diz tudo.
;)