segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Pequenas coisas


Há tempo não vejo a imagem de meus meninos
Nem consigo me balançar na rede da varanda
Muito menos sonhar de olhos abertos
ou sentir o perfume dela.

Há tempo deixei de sorrir francamente
De olhar para os lados quando caminho
De observar rostos, rugas, peitos
De ser sincero comigo mesmo.

Há tempo minha vida segue sem rumo
Sem mapa, sem motivo, sem mar
E toda terra que avista é um porto
No qual não quero ou não posso atracar.

Há tempo eu lamento em vão
Em segredo, com vergonha, vencido
Atrás de culpas, culpados, perdões e perdas
Dando voltas e voltas em torno de mim mesmo.

Há tempo não tenho sossego
Não tenho razão para seguir ou ficar.
Há anos que me assombro com
Minha própria solidão.

Há tempo não me iludo com felicidade
Nem peno com o sofrimento de ninguém
Há anos desisti de sonhar
E adio o adeus enfim assumido.

Um comentário:

Anônimo disse...

que tocante isso ...

normalmente eu não costumo sentir tanta beleza em imagens tristes

e acho que mais do que a identificação com vários dos sentimentos, o que me cativou foi um tom de coragem que senti por trás do discurso.

muito bons seus textos.