segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Família é assim


Corpo dolorido, preguiça, dor de cabeça. Manhã de segunda-feira pós-feriadão. Escrevo enquanto aguardo uma reunião que nem sei se vai acontecer, mas acontecendo ou não, o certo é que vou me aborrecer.
Definitivamente, não é um bom dia.
Nâo estou com mau humor, pelo contrário. Estou é ressacada de cerveja, das muitas atividades deste final de semana, de conversas mansas, de boa música. Também estou ressecada da reunião que virá, pois um único mês é suficiente para qualquer mortal dotado de inteligência mínima descobrir que só há um discurso, repetido inúmeras vezes sempre que há uma ocasião - e também quando não há. De tanto se ouvir, se aprende. Primeiro é engraçado, depois cansa, e por fim dá ressaca só de pensar nele. Mas deixemos o futuro para o futuro, embora não consiga me livrar desse gostinho de passado.
22 pessoas em uma casa. Parece estressante, não? A idéia me faz arrepiar. No entanto, foram três dias muito agradáveis onde estive absolutamente à vontade para qualquer coisa - claro, menos para usar o banheiro - e carregada da sensação de estar entre familiares amigos. Uns cozinhavam, outros limpavam a cozinha, outros cuidavam das crianças, outros despreocupavam-se, enfim. Ninguém se sobrecarregou.
Lembrei de algumas passagens da vida. Meu pai adorava festas, adorava reunir amigos e parentes em casa. Era tradicional a festa que dávamos no final do ano, juntava muita gente em casa. Muitos acabavam ficando e dormindo e passando o dia 1º conosco. A casa ficava lotada, e meu pai amava isso. Eu não gostava tanto não. Sempre gostei de um espaço mais reservado onde se pudesse fazer silêncio sem incomodar ninguém com isso, e a ausência desse cantinho de silêncio me angustiava.
Mas não agora. Hoje vivemos em sítio, não nos falta lugar. De silêncio, de música, de conversas, de risos. Tudo. E assim, descobri o prazer de receber queridos amigos em casa com a opção de não participar de uma conversa sem ofender, sem ser indelicada. Pessoas simples que entendem serem normais as diferenças e os momentos - e se não entendem também não interessa, respeitam a privacidade. Gente muito boa de receber como visita.
Voltem sempre. Foi ótimo.
Mas estou com ressaca.

(Quadro que ilustra este texto: Celia Amorós Boix, Farra)

Um comentário:

Canto da Boca disse...

Eu quero também, será que rola antes de novembro??
;)))