Uma vez participei de uma palestra do ator Paulo Autran no auditório da Universidade Católica de Pernambuco, onde então cursava jornalismo. Não sei se ele foi provocado por alguém da platéia ou se ele narrava espontaneamente, mas o certo é que ele falou sobre o seu vício de fumar. Disse que, uma vez questionado, respondeu que fumava somente porque era burro.
Aquilo, passado há uns 16 ou 18 anos, fixou-se em minha memória. Eu já fumava naquela época, e continuo fumando agora, sem intenção de parar. Quer dizer, parar eu bem que queria, desde que não me exigisse força alguma, e isso não acontece. Portanto...
Não pretendo aqui nem em canto algum fazer apologia a vícios. Mas, tirando o cheiro que fica na boca, na roupa, nos cabelos, no ambiente, fumar é bom. Há quem diga que comer chocolate pode fazer o mesmo efeito, trazer relaxamento e uma sensação boa, mas sei não: comigo não funcionou, e quase adquiri outro hábito.
Comecei a fumar adolescente, como a maioria. Eu e Márcia, uma amiga vizinha, vivíamos fumando escondido, roubando cigarro dos nossos pais. Quando minha mãe descobriu tentou me chantagear: ou eu fazia tudo o que ela queria (ou seja, poupar meu irmão mais velho dos trabalhos domésticos) ou ela contava ao meu pai. Eu não tinha medo de levar uma surra do meu pai, por exemplo, porque ele nunca havia me batido e não seria aos 16 que isso aconteceria, né? Meu medo era de decepcioná-lo.
Resolvi me submeter à chantagem, pelo menos por um tempo. Mas chantagista ambiciosa que minha mãe (aliás, acho que é defeito de mãe) era, a exploração passou dos limites e em menos de uma semana dei um basta naquilo. Contei tudo ao meu pai - tudo, entenda-se: que eu fumava, que minha mãe havia descoberto e me chantageava para não contar nada a ele, que meu irmão fumava, que minha prima que morava conosco fumava, e que nosso principal fornecedor era ele mesmo, meu pai.
Sei, o recurso de entregar todo mundo foi baixo. Mas (hehehe) funcionou! (caráter é algo "discutível", principalmente quando é você quem está no banco do réu). Ninguém apanhou, todo mundo levou sermão e pronto.
Tentei parar de fumar algumas vezes, e consegui parar de fumar por uns tempos. Voltei sempre por brincadeira ou por uma desculpa qualquer (quando a gente não quer, qualquer desculpa serve! - Casas Lux Ótica).
Já são 22 anos de cigarro e uns 18 das palavras de Paulo Autran. Eu continuo burra e, por uma entrevista que vi do ator há poucas semanas, ele também.
6 comentários:
Hahahaha! Queria ver a cara da Renê, depois dessa entregação geral.
Eu como sou uma 'moça de família', não fumo não bebo, não digo palavrão, não, não, não... Er, de vez em quando eu digo uma inverdade, só nas quatro festas do ano, que é pra não ir logo pro céu, porque ainda tenho um monte de coisas pra fazer aqui no inferno.
Hehehehehe.
Beijinhos.
Vício é de lascar e cada um tem o seu. Antes de olhar para o outro, melhor olhar para o próprio umbigo. Mas tem um que não admito. Não admito a mulher ser viciada em laquê. Eita, negócio triste!
Descobri que muitos traficantes estão saindo das drogas para o laquê. E, sinceramente, não há nada mais triste do que mulher usando laquê. Pior que isso, só ela cheirando.
Abaixo o laquê!
Dimas Lins
www.estradar.com
Cheirando... laquê???
Outros cheiram 'suvaco', chulé. Há de fato fosto pra tudo.
;)
Um astrólogo, amigo meu, vaticinou: você é de escorpião, com ascendente de escorpião, logo aditivo. Tremi nas bases: ser de escorpião deve ser muito grave, mas sabia que ele tinha razão numa coisa: sou, de fato, aditivo. Apologético do vício e da felicidade química. Mas não me vicio em nada -- acho que sou mutante. Venho de uma família de fumantes. Escondia os cigarros de Pall Mall (!) do velho, fumava-os, mas não me viciei. Só o Santinha é um vício; algumas vezes, um vício idiota, pois me irrita bastante. Blog cada vez melhor -- virará um vício!
Ô companheiro, aí temos (eu, vc, o Dimas e a "canto da boca") pelo menos um vício em comum: o Santinha! Sou tricolor em todo canto que vou. Sou Santa e São (Paulo).
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