terça-feira, 11 de setembro de 2007

Não era ressaca


Não era ressaca que eu tinha. Era mal físico mesmo.
Amanheci com muita dor na cabeça, o corpo todo dolorido, ruim.
Tomo remédio, deito, decido que não dá para trabalhar e tento relaxar um pouco. Não vou trabalhar pela manhã, analiso que tudo o que tenho que fazer pode ser feito à tarde sem qualquer prejuízo. Deito.
Deitar dói. Levanto, vou andar um pouco, fazer carinho nas cadelas, olhar os cavalos. Canso rápido disso, volto para a casa, faço café, tomo, e deito. Detesto sentir dor, detesto estar impossibilitada.
Aviso à colega que não poderei ir pela manhã, mas sim, com certeza irei à tarde. Tomo outro comprimido. Será dengue? Tomara que não.
Antes de dormir, ontem à noite, pensei muito sobre sonhos. Quis escrever sobre o assunto, mas o corpo já doído me aconselhou ou me ordenou a não me mexer do conforto que havia embaixo do cobertor. Não peguei papel e caneta, não liguei a luz, não escrevi, e hoje tudo o que lembro é do tema. A dor que sinto não me deixa pensar em coisas agradáveis.
Dou uma olhadinha nos emails. Vejo um bastante interessante, do meu grande amigo e ex-companheiro. O cara dá um banho de lucidez, de auto-crítica e de sinceridade, num texto despretensioso ao ser escrito e borbulhante ao ser lido. Como admiro esse cara. Respondo perplexa com tudo o que li. Não havia segredo algum ali naquelas linhas, mas a precisão das palavras e o acerto das idéias chegam quase a me constranger. Como posso escrever algo depois daquele show de habilidade? Apago a resposta que ensaiei e mudo o trajeto da conversa que mantemos diariamente graças à internet. Dou uma pausa nos nossos assuntos cotidianos para manifestar minha sincera inveja de seu texto e minha perplexidade por ter sido escolhida por este homem para participar tão ativamente de sua vida. Algumas vezes na vida senti isso, mas nunca de maneira tão evidente: estou (sou) muito aquém deste homem.
Depois de clicar no "enviar" abro o blog. Queria falar dos sonhos, mas não consigo. A dor é que me toma toda a atenção, então dou vazão a ela pelas palavras. Começo a relaxar e a lucidez de meu amigo toma conta de mim. Mas a dor volta. E agora, vou escolher uma foto para esta mensagem, desligar o micro e tentar descansar. Tudo dói. Odeio dor.

3 comentários:

Canto da Boca disse...

Nem eu, maninha. Odeio qualquer tipo de dor.
Mas seu texto não deixa nada a dever ao texto que não li do seu amigo.De cá fico numa intelecção só minha... E creia: sou insuspeita.
Beijinhos e sare logo.
;)

Canto da Boca disse...

Nem eu, maninha. Odeio qualquer tipo de dor.
Mas seu texto não deixa nada a dever ao texto que não li do seu amigo.De cá fico numa intelecção só minha... E creia: sou insuspeita.
Beijinhos e sare logo.
;)

Ca�ulinha disse...

Nem além (toc-toc-toc!), nem aquém. Se ao embaralhar e ordenar palavras logrei expressar-me com sinceridade e lucidez foi em tua homenagem. Modo singelo de prosseguir partilhando algo entre nós."Esta fala que habita o meu silêncio" é tua por merecimento. Bem e paz! Caçulinha.