quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Movimento Decoreba Nunca Mais


Não sei porque professores se prendem tanto à grade curricular. Soam ocos, chatos alguns assuntos que na verdade são interessantíssimos. Matemática, por exemplo. Sempre fiz parte da maioria absoluta da humanidade neste aspecto, ou seja, sempre ODIEI matemática. Pode parecer loucura, mas o fato é que achava matemática simplesmente irracional. Pra quê tanta fórmula? Pra quê usar "x" "a" "y",etc? Onde se aplicam fórmulas gigantescas que os professores nos obrigam a decorar - sim, eles não ensinam a chegar à fórmula; escrevem-na prontinha no quadro e ai do aluno que não a copiar perfeitamente igual. Basta trocar um x ao quadrado por um x ao cubo e já era tudo. Tem que se ter sobretudo boa visão para estudar matemática, e até nisso eu levava desvantagem com uma miopia das bravas que me acompanhou até os 26 anos (qualquer dia conto algumas histórias da miopia e do pós-míope).
E história, então? Argh, a esperança é de que algum revoltado um dia lance o Movimento Decoreba Nunca Mais. Marco Pólo foi imperador em que período? Em que data Pedro Álvares Cabral teve uma conversa com o vizinho dizendo que quando ficasse adulto pretendia ser engraxate? E Cleópatra, deu para quantos? (especifique data, nome, e número de gozadas dela e deles). Queria, no tempo de estudante primária e secundária, ter conhecido a história pelo seu contexto, compreender, e não ter que me martirizar decorando datas e nomes e cidades e guerras e personagens.
De Português me safei. Tive boas professores - Dona Acidália (naquele tempo, pelo menos no São Bento, a gente chamava professora de dona, e não de tia, como é hoje. Opa: assunto para um outro post), Rosita Godói (o pai dela era cantor do Demônios da Garoa e eu o adorava!), Luciana (a mulher mais desejada do São Bento desde que entrei no Colégio, na 4a série, até quando saí, no 3o científico). Adorava Português. Sem exceção, sempre que o ano letivo começava, no primeiro dia de aula, eu já tinha lido todos os textos do livro novo de Português, e feito boa parte de todos os exercícios.
Que mais? Inglês. Repitam comigo: ai eme, iu are, ri is, xi is, iti is, ui are, iu are, dei are. Que cor é essa? iélou. Véri Gúdi. Tive um professor inglês legítimo, Jhon Muskat (nunca soube se o h do Jhon era antes ou depois do o, e acabo de verificar que isso ainda é um trauma para minha memória). Nunca prestei atenção em inglês e fugi de todos os cursinhos que a pobre da minha mãe me matriculava. Me sentia analfabeta. Mas se tivessem tentado me educar usando filmes, livros e música ao invés de uma "tabuada gramatical", quem sabe... acho que gostaria muito.
RELIGIÃO. Estou enganada ou o resto do mundo não estudava religião? Estudando em colégio de padre, não tive opção. Tive dos mais diversos professores. Irmão Patrício era bom de enrolar: você botava a mão no queixo e ele jurava que vc estava dando atenção máxima para ele. Irmão Paulo, coitado, era tão bonzinho que quase chorava com nossas perguntas que tinham tanto de curiosidade quanto de maldade, do tipo "como deus pode ter surgido do nada? Lógico que ele tem que ter mãe". Coitado. Irmão Paulo era bonzinho de verdade. De Irmão Marcos nunca gostei, tinha jeito daqueles padres ambiciosos e mesquinhos (pra não dizer outros esteriótipos piores) que a gente vê em filmes de inquisição. Argh.
Gostei do assunto, animou minha manhã. Mas por hoje chega. Volto a ele qualquer dia desses.

3 comentários:

Canto da Boca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Canto da Boca disse...

Hehehehe!
"Quem estuda no São Bento, entra burro e sai jumento".
Tadinho de Frei Bheda.
Mas concordo em gênero, número e desgraça, odeio a tal da grade curricular, e como sua semântica já anuncia, enuncia e denuncia: é uma grade. Mas creia, o MEC nos dá a liberdade de fazer a grade curricular. Eu e outras professoras maravilhosas fizemos algo nessa linha, numa escola do estado, foi o must!
E o NUPEP, trabalha com temas, o que é uma quebra desse paradigma iluminista e ultrapassado que não atende às necessidades e às especificações de cada região e de determinadas comunidades e interesses.
Beijinhos.

A Autora disse...

Hehehe... "entra burro e sai jumento". Faz tempo que não "escutava" isso... Valeu, mana!