sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Maria Regina


Vejo que saiu um novo CD de Maria Rita, só de sambas. Quero muito escutar.
Engraçado, essa moça iniciou a carreira com um histórico de herança que para alguns é vantagem, para outros é desvantagem. Estou na turma que acha uma vantagem. Afinal, ser filha de Elis e afilhada de Milton Nascimento deve significar uma vida doméstica agitada e repleta de boas influências musicais.
Essa menina pode ter sido muitas vezes ninada ao som de "corujinha" ao invés do "boi da cara preta". Nos encontros de amigos dos pais, a diversão muitas vezes devia ser acompanhada de um coro de maravilhas da MPB e não daquele grupo desafinado de quem só canta no chuveiro, como nós, mortais, podemos estar acostumados.
Tudo bem, ser filha de Elis não deve ter sido tão fácil mesmo, pelo que se conta da vida maluca que teve. Mas das duas uma: ou Maria Rita se deixava mergulhar por esse mundo musical, ou o repudiaria. Pelo que sei, ela teve mesmo essa dúvida e por anos hesitou ser cantora profissional. Foi levada aos palcos pelo padrinho (olha só: meu padrinho no máximo me levou para um final de semana na casa de praia dele. E olhe que ainda tenho sorte, pois a maioria dos meus amigos sequer lembra do nome do padrinho).
Começa a carreira musical e a mídia ama. Shows, apresentações em TV, Maria Rita vira celebridade instantânea. Veio arrebentando mesmo, o primeiro CD eu considero maravilhoso. Mas veio também o outro lado: conheço várias pessoas (e li muitos críticos) a rejeitando justamente por ser filha de Elis. Correção: diziam que ela queria imitar a mãe. Não acho, embora ela de fato me faça lembrar de Elis, principalmente no gestual, na linguagem corporal. Só que não acho que isso seja ruim. Gosto da Maria Rita como é, com sua voz, seus trejeitos, seu repertório. Só que no dia em que ela resolver imitar a mãe e conseguir... ah, vou amar ter uma Elis renascida.

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