sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Crime e castigo


Leonardo, um amigo que frequenta este blog mas prefere comentar os tópicos pelo msn comigo, tentou me convencer ontem que eu estava usando dois pesos e duas medidas no meu conceito sobre censura. Isto porque há algum tempo conversamos sobre uma propaganda que diz que "toda censura é burra", e ridiculariza casos. Eu odeio essa propaganda, a idéia que passa ao público. E ontem eu condenei aqui a iniciativa de um fulaninho que quer tirar o blog do santinha do ar.
Leonardo acha que eu tenho que me posicionar melhor em relação ao tema censura.
Eu acho que o equívoco é da tal propaganda, que mistura propositalmente censura e limite.
Ele não me convenceu. Nem eu o convenci. Vou tentar de novo agora.

Primeiro vou falar da propaganda. A peça satiriza os limites impostos à publicidade de alguns produtos. A peça em questão utiliza banana e bola como referências ridicularizadas de censura - "banana é ótima, mas cuidado para não escorregar na casca", para mim é igual a "beba com moderação". Não à toa, essa propaganda começou a ser exibida no período em que as TVs foram obrigadas a fazer a indicação de público para cada programa (tá lá indicado, você vê ou não). Exigir bom senso não é a mesma coisa de censurar. E a liberdade da propaganda deve ser igual a qualquer outra liberdade: limitada às possíveis consequências. Se eu não gosto da propaganda, meto o pau nela. Se ela me atacar diretamente, vou exigir que se corrija. Mas não penso em tirar a emissora do ar por causa de uma propaganda.

Agora vamos ao blog do santinha. Li vários tópicos por lá, não vi sinal de assunto a ser censurado. Vi críticas a uma administração de clube de futebol, a atuação do time, e todo o repertório usual do jornalismo esportivo. Lembrando que o site é para um público dirigido e feito por torcedores acima de tudo. E lembrando que futebol é tipicamente assunto fértil de discussões acaloradas.
Já pensou se cada árbitro decidir processar cada torcedor que o chama de filho da puta em cada partida? E se um cartola processa todo torcedor que levanta suspeitas sobre sua administração (não seria mais fácil ele provar por A+B que foi honesto? Seria, se fosse verdade). Pois é este segundo exemplo absurdo que está acontecendo. Tentativa de censurar críticas.
Mais uma vez: creio que toda liberdade é limitada às possíveis consequências. O cartoleiro maluco acha que fez uma excelente e honesta administração? Pois que prove. Acha que quem o contesta está mentindo? Pois que desminta. Acha que merece um direito de resposta? Pois que peça. Acha que tem direito a ganhar R$ 100 mil de alguém que repercutiu o que todo mundo comenta? Pois que processe, certamente os jornalistas têm ótimos argumentos contra. Acha que tem o direito de tirar um veículo de comunicação do ar? Pois que se dane, não tem. Isso é censura.

Viu, Leonardo?

3 comentários:

Anônimo disse...

Essa é Nogueira mesmo! Você foi precisa nos argumentos. Concordo com a diferença entre limite e censura. Não são a mesma coisa. Há diferenças fundamentais.

Também entendo o seguinte: toda pessoa pública, querendo ou não, será alvo de elogios e críticas. E, sob esta ótica, tem de estar preparada não apenas para os elogios.

Agora, há também que separar a crítica da esculhambação. E isso, garanto como frequentador do blog, nunca houve por parte dos seus editores.

O que ocorreu lá foram discussões e questionamentos por situação que nunca foram explicadas por dirigentes. Se alguém é dirigente de um clube de futebol, tem que ser transparente sobre seus atos, pois eles afetam muitas pessoas. Imaginem agora ninguém ter o direito de questionar o congresso nacional, por exemplo?

Quando não há transparência nos atos de uma pessoa pública, sempre sobram margens a dúvidas.

Quem é público e não aguenta críticas, vá para a privada.

Um abraço,

Dimas Lins
www.estradar.com

A Autora disse...

Socooooorroooooo!!!

Se as galerias e canais de Recife e Olinda já vivem entupidas, quase matando todo mundo afogado na merda após uma chuva de 10 minutos, como ficarão se todas as merdas, aliás, as pessoas que o Dimas citou forem para a privada?

Ah, era vida privada que vc queria dizer, Dimas? Ah tá. Desculpa então.

Ricardo Soares disse...

toda censura é burra... que tal o bom senso ??? dê uma olhada no blog porque ao menos nas cores e suas derivações temos algo em comum...bj
ricardo