Não sei se para agradar aos poderosos cafeicultores do Sul de Minas, mas o fato é que São Pedro aqui mostra todo o seu lado publicitário ao realizar sua missão de trazer a chuva.
Depois de um dia inteiro de calor sufocante (note-se: sou pernambucana, então para eu dizer que um calor está sufocante, é porque está de fato), um início de noite abafado, então o cenário está feito. Começa o espetáculo.
Do nada, raios e trovões surgem rasgando a noite e, literalmente, as árvores. O vento não tem nada daquele lírico sopro: vem em forma de uma ventania assustadora que não assovia, grita mesmo. Você olha para fora e não vê absolutamente nada. Escuro, breu. A essa altura do campeonato, tem uma cadela escondida por trás do sofá, outra desesperada pensando que é uma "cã-aranha" ao pretender passar para dentro de casa através da janela, outra ocupa espaçosamente o tapete da porta principal.
Quando um raio rasga o céu, você tem a impressão de que colocaram um mega-holofote bem na sua cara. Vem um som estrondoso, e desta vez não é só um trovão. Uma das árvores cedeu um poderoso galho, que por pouco não foi repousar na cama que eu dormiria. Por precaução, prefiro dormir com meus sobrinhos, num quarto que está a uma distância segura de árvores. Não vou para casa, meu irmão VAI TER que me hospedar nessa noite.
Isso tudo acontecendo lá fora e eu meigamente conversando com amigos pelo msn. O mundo desabando e eu com olhar fixo na tela do computador, de vez em quando narrando algum dos fatos espetaculosos desse São Pedro mineiro. Sem dúvida, uma alienada. A continuar assim, domingo que vem assisto a toda programação da Globo, começando pelo Globo Rural e terminando no incrível (sim, é incrível como ainda tem audiência) Fantástico.
Mas eu falava do espetáculo da chuva. É, esfriou um pouco e a água acumulada vai me obrigar amanhã a usar uma das peças mais odiadas, a bota. E torcer para não escorregar na ladeira íngreme do sítio - acho que meu irmão escolheu o local para não sentir muita saudade de Olinda. Achamos uma mini-Misericórdia em Minas.
Depois de toda a cena, o vento pára e a tempestade acalma. Isso tudo em meros... hum... vai lá, 15, 20 minutos. Chuva suficiente para alagar a Avenida Chico Science, em Olinda. Se bem que a impressão que eu tinha quando morava em Olinda é que não podia cuspir ao passar pela avenida, senão alagava.
Meus sobrinhos estão preocupados comigo e com minha casa. Pedem para que eu durma com eles (coitados, pensam que tinham essa opção de convidar). O mais novo alerta: "se você for pra lá, pode 'acordar morta'". É, né? E o outro completa: "é melhor você dormir com a gente mesmo. Duvido que amanhã de manhã tenha sobrado alguma coisa inteira na sua casa". Animador, não?
Dramas infantis e nem tão infantis à parte, aproveito a calmaria e vou lá, ver o que aconteceu. Espero encontrar telhas quebradas, cama alagada, o caos. Que nada, tá tudo em ordem, além, claro, do galhão caído na varanda.
Ê, São Pedro. Se fosse ave, seria galinha. Se fosse gente, publicitário, sem dúvida.
4 comentários:
Poxa, se mudar de olinda deve ter sido duro!
Mudemos o nome; Minas Gerais de Todos os Santos! hehehe
Depois de passar por Sampa e parar em Caxambu, aí em Minas, nada como chegar, olhar a praia da varanda e rever os blogs amigos. Inclusive, já que teu tema é chuva, no caminho para o "circuito das águas", fomos atacados por uma tempestade. O "circuito das águas" vinha de todo lado, principalmente de cima. Depois disso, passei a amar profundamente a... seca.
Cláudia,
Vou te deixar com inveja, mas a Avenida Chico Science não alaga mais. Não sei o que fizeram, mas fizeram.
Quantos a Caio e Tales (que saudade da peste!) se aproveitaram da chuva para se aninhar. Uns danados!
Ao contrário de Minas, Aqui em Recife anda fazendo sol. Já é quarta-feira e, por conta do feriado, só volto a trabalhar na segunda. Acho que vou dar um pulo em Porto de Galinhas para comer lagosta na beira do mar, pagando apenas R$10,00. Mas sei que isso é chato e você não está interessada.
Sou mau, muito mau!
Dimas
Alan, adoro Olinda, adoro mesmo. Mas não me vejo morando mais por lá. Virou daqueles amores complicados: você deseja, mas sabe que não vai viver bem junto. É melhor separar.
Artur, que bom que está de volta! Você diz ter saudade da seca porque não viveu aqui na época dela... uma maravilha esse sol de Recife sem um mar por perto (dá pra imaginar?). Era banho de poeira todo dia. Só reclamo mesmo do espalhafate de São Pedro por essas bandas. O show pirotécnico era desnecessário.
E vc, Dimas... ah. Feriado a partir de quarta é brincadeira né? E quanto à praia, à lagosta... aham... eu... aham... sabe, nem gosto tanto assim... e...
quer saber? vai te catar, Dimas! isso é sacanagem da grossa!
Só não digo nem brincando que vai chover no feriado aí porque Arnaldo vive dizendo que eu tenho uma boca de praga desgraçada.
Bom feriadão a todos!
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